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Moro é o Batman contra o Coringa, diz general Heleno a empresários

Chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno - Aloísio Maurício - 13.abr.2019/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno Imagem: Aloísio Maurício - 13.abr.2019/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Leonardo Augusto, especial para o Estado

08/07/2019 16h00

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, defendeu nesta segunda-feira (8) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e disse que o vazamento de conversas privadas se deu porque o ex-juiz é o "símbolo do Batman contra o Coringa".

"Um homem desses ser colocado na parede por gente que tem pavor dele? O cara quando ouve falar em Moro quer morrer, né?", disse Heleno, sem citar nomes. "Aquilo ali é o símbolo do Batman contra o Coringa. E os caras querem ver o Batman na parede. E começam a inventar que a conversa dele com o procurador é ilegal. Um juiz não pode conversar com um procurador, mas muitos podem conversar com o advogado de defesa, receber em casa para jantar."

Heleno, que falou a empresários em palestra em Belo Horizonte, se referia aos diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil, que passou a publicar trocas de mensagens atribuídas a Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba. Essas mensagens sugerem a intervenção do então juiz federal na condução da operação, inclusive com a indicação de possíveis testemunhas.

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Ao falar sobre a importância do projeto anticrime proposto por Moro e a criminalidade no país, Heleno citou período em que morava no Rio de Janeiro e fazia percurso diário entre São Cristóvão e Realengo. "Avisei ao meu motorista, se acontecer alguma coisa, se defenda, porque eu vou me defender. Não chego à delegacia fardado de general e digo 'fui roubado'", disse.

O general negou ser o principal conselheiro do presidente Jair Bolsonaro, e disse que a imprensa exagera nesse sentido. "Tenho a vantagem de ser o mais velho. O Brasil é muito grande. Há vários conselheiros."

Ao longo da palestra, no entanto, o general relatou vários momentos da relação entre os dois. Foi convidado por Bolsonaro para almoçar, quando o então deputado federal decidiu disputar o Palácio do Planalto, além de ter sido consultado sobre o convite que o então presidente eleito fez a Moro para o cargo.

Nos últimos dias, no episódio mais recente, Bolsonaro conversou com o general sobre a ida ontem ao Maracanã, para a final da Copa América. "Se perder, você vai virar o Mick Jagger da política", disse Heleno, em alerta que afirma ter dado ao presidente. Jagger ganhou a pecha de pé frio ao comparecer em estádios e ver perder equipes para as quais torce ou que são dos locais onde o jogo está sendo realizado.

O ministro classificou a reforma da Previdência como fundamental para o Brasil. "Já ouvi de parlamentares essa barbaridade: 'se votar a Previdência com essa economia que o Paulo Guedes (ministro da Economia) tá pedindo, Bolsonaro está reeleito'. Heleno disse ter retrucado: "Você está pensando em reeleição do Bolsonaro em vez de pensar no seu país? Pensa nisso depois. Depois derruba o Bolsonaro. Primeiro, aprova a previdência".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.