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Sem citar Mandetta, Bolsonaro diz que 'algumas pessoas estão se achando'

Mateus Vargas

Brasília

05/04/2020 19h33Atualizada em 05/04/2020 21h33

Em meio a uma disputa e divergências com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre estratégia para combate ao novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro mandou uma série de recados na tarde deste domingo, 5.

Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, ele disse que "algo subiu na cabeça" de pessoas do seu governo, mas que a "hora deles vai chegar". "A minha caneta funciona", afirmou Bolsonaro, sem mencionar nomes.

"Algumas pessoas no meu governo... Algo subiu à cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos, têm provocações. Mas a hora deles não chegou ainda. Vai chegar a hora deles. Não tenho medo de usar a caneta, e ela vai ser usada para o bem do Brasil, não é para o meu bem", declarou o presidente.

Bolsonaro escancarou seu descontentamento com Mandetta na última semana. O presidente disse que falta "humildade" ao ministro e, embora tenha afirmado que não pretende dispensá-lo "no meio da guerra", ressaltou que ninguém é "indemissível" em seu governo.

O protagonismo do auxiliar diante da crise envolvendo a pandemia do coronavírus já vinha incomodando o presidente há algum tempo. Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as declarações de Bolsonaro feitas na última quinta-feira, 2, Mandetta respondeu: "Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho" em italiano.

No dia seguinte às declarações do chefe, Mandetta disse que continuaria no governo, afirmando que um médico não abandona o seu paciente. O incômodo de Bolsonaro não está restrito apenas à insistência de Mandetta em apoiar as quarentenas decretadas pelos estados.

O presidente também está extremamente irritado com o crescimento da popularidade de seu ministro, enquanto vê sua reprovação crescer entre a população, como atestam as pesquisas desta última semana.