PTB volta a disputar Prefeitura de SP após 24 anos com ex-presidente da OAB
"Ex-presidente da OAB-SP, de direita e democrata" é como se define o advogado Marcos da Costa, confirmado neste sábado, 12, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PTB na convenção da sigla. Para se apresentar ao eleitor em sua primeira campanha política, porém, a estratégia será a de apoiar-se nas figuras de seu partido, que não lançava um candidato próprio na capital desde 1996: "Sou o candidato do Roberto Jefferson, que me apoia, do Campos Machado, da família petebista."
Apesar de ter o endosso do deputado estadual Campos Machado, seu padrinho político, a candidatura de Marcos da Costa chegou a levantar a desconfiança do presidente da sigla, o ex-deputado Roberto Jefferson. Aliado recente do presidente da República, Jair Bolsonaro, Jefferson chegou a dizer em entrevista que não apoiaria Marcos da Costa porque ele não era conservador.
Dias depois, o discurso mudou. "Tem princípios conservadores, não me parece (um nome da) nova esquerda. Fecha a campanha com Bolsonaro", escreveu no Twitter.
"Ele (Jefferson) me conhecia por ser presidente da Ordem (em São Paulo), não pessoalmente", diz Costa. "(Me identifico com) a defesa que ele faz da Pátria. Nunca me vi saindo do Brasil. Quanto à família, casei com minha primeira namorada. Quanto ao credo em Deus, sempre fui cristão, só estou aqui por causa Dele. Entrei para o PTB sabendo do reposicionamento do partido, mais conservador e à direita. São valores que defendo."
Durante a convenção da sigla, o deputado Campos Machado disse ao jornal O Estado de S. Paulo que discordâncias com Jefferson foram "resolvidas". "Todas as nossas discordâncias foram sempre resolvidas na base da lealdade e da fraternidade que nos unem. Não tem nenhum problema", disse Campos Machado. Jefferson não participou do evento.
Marcos da Costa diz estar alinhado ideologicamente a Bolsonaro e mira o voto de seus apoiadores. Questionado sobre a relação conturbada do presidente com a OAB e de seus apoiadores com integrantes do poder Judiciário, o candidato afirmou ser um democrata e defendeu a Constituição. Porém, fez críticas ao atual presidente da Ordem, Felipe Santa Cruz, e à conduta de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"O Supremo precisa evitar falar fora dos autos para que os ministros não virem comentaristas de casos e causos", disse Marcos da Costa. "E quanto à Ordem, o presidente (Santa Cruz) se coloca como oposição a Bolsonaro e acho isso um grande equívoco. Não é o papel da Ordem, que deve ser combativa, mas também isenta do ponto de vista político."
O candidato entra na disputa política depois de, em sua avaliação, obter a experiência de discutir políticas públicas na OAB. "Tivemos papel relevante em momentos tensos de São Paulo como a greve dos caminhoneiros, as invasões nas escolas e a cobertura da imprensa dos protestos de 2013. Fizemos isso com debate. A sociedade tem que ser protagonista das mudanças que o país precisa."
Marcos da Costa terá como companheira de chapa a policial militar Cabo Edjane, candidata a vice-prefeita. O PTB terá 83 candidatos a vereador na capital, sendo 27 mulheres.
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