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Para Lula, Petrobras está acumulando verba para pagar acionista americano

Sofia Aguiar e Matheus de Souza

São Paulo

29/09/2021 11h37Atualizada em 29/09/2021 12h07

Enquanto o Brasil enfrenta o aumento nos preços do combustível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o alinhamento dos preços do petróleo às cotações internacionais. Para o ex-presidente, o modelo beneficia apenas os acionistas da Petrobras, enquanto a população continua a ser a vítima da alta no preço do combustível.

"São vítimas quando pagam o preço do combustível, e são vítimas quando pagam o preço do feijão no mercado", disse. "O que está acontecendo é que a Petrobras está acumulando verba para pagar acionista americano", avaliou o ex-presidente, em entrevista à Rádio Capital, de Cuiabá.

Segundo Lula, "só teria explicação subordinar o preço nacional ao internacional se o Brasil fosse importador de petróleo, mas o Brasil é autossuficiente".

Para o petista, o país pode ter preço próprio para o petróleo, de forma a diminuir impostos sobre o insumo.

"Qualquer redução de imposto é necessária para a gente amenizar o sofrimento do povo brasileiro", argumentou.

O ex-presidente classificou como "irresponsável" a retórica do presidente Jair Bolsonaro, que joga a culpa do aumento do combustível em governadores. Nos últimos meses, Bolsonaro tem colocado o ICMS cobrado por estados como o principal responsável pelo preço do combustível.

De olho em 2022, Lula diz que a proposta do PT para diminuir o preço do combustível seria a não subordinação ao mercado internacional.

"Nós já fizemos isso e é plenamente possível fazer outra vez", declarou.

Terceira Via

Também esteve no alvo de críticas do ex-presidente o que chamou de "vestibular" da terceira via que, segundo o petista, é a estratégia dos meios de comunicação em determinar um candidato para disputar o pleito com ele e Bolsonaro.

"Parece que, pela primeira vez, a imprensa está procurando um candidato", afirmou.

O ex-presidente comentou que, apesar de as pesquisas mostrarem um enfraquecimento de Bolsonaro para as próximas eleições, o atual chefe do Executivo não está "morto" para política, conforme alguns avaliam.

"Defensores do 'nem nem' partem pressuposto que o Bolsonaro está morto. Não é verdade. Ele tem a caneta na mão. Mas eles acham que não podem bater só no Bolsonaro se não ganha no primeiro turno", avaliou Lula.

Segundo a última pesquisa do Ipec divulgada na semana passada, o ex-presidente venceria o pleito de 2022 no primeiro turno.

Apesar de acusar a imprensa de impor resistência à sua possível candidatura, Lula garante que está "tranquilo" pois é "calejado".

"Essa busca pela terceira via reflete apenas a fragilidade política do país. Tem 32 partidos, todo mundo pode ter candidato", reforça o petista.

Em repúdio ao possível candidato com mais chances de representar a terceira via, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), Lula aponta que os ataques do vice-presidente do PDT a pré-candidatos em 2022 estão levando a um isolamento político do pedetista.

"Não sei quem ele está querendo agradar, [talvez] os possíveis votos que o Bolsonaro vai perder", diz. Lula, então, manda um recado ao ex-ministro: "em política, a gente colhe aquilo que a gente planta".

Já sobre o PSDB, antigo rival político nas disputas presidenciais do PT, Lula elogiou a sigla por optar pela realização de prévias com o objetivo de escolher o candidato mais forte para o pleito.

"Acho saudável", afirmou. "Uma coisa era disputar contra o FHC, contra o Serra, outra coisa é disputar com o troglodita do Bolsonaro".