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Pacheco avalia focar no Senado e desistir de pré-candidatura a presidente

Presidente do Senado deseja focar em reeleição ao comando do Congresso - Mateus Bonomi/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Presidente do Senado deseja focar em reeleição ao comando do Congresso Imagem: Mateus Bonomi/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Daniel Weterman

Em Brasília

02/02/2022 08h10Atualizada em 02/02/2022 08h13

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avalia não levar adiante a pré-candidatura ao Palácio do Planalto, e se concentrar nas articulações para se reeleger ao comando do Congresso, em fevereiro de 2023.

Aliados veem Pacheco fora da corrida presidencial, mas o PSD deve mantê-lo como pré-candidato, enquanto negocia alianças políticas.

Uma delas pode ser firmada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PT oferece apoio para a recondução de Pacheco à frente do Senado como moeda de troca para uma composição eleitoral com o PSD na disputa presidencial.

Interlocutores acreditam que Pacheco tem muito a perder sendo candidato a presidente, enquanto comanda o Senado e o Congresso. O senador está na metade do mandato e pode tentar um novo mandato como presidente do Senado.

Uma decisão sobre a pré-candidatura presidencial do PSD só deve ser anunciada a partir de março.

Embora o presidente do partido, Gilberto Kassab, trate publicamente o nome de Pacheco como candidato ao Planalto, a legenda não fez um lançamento oficial da pré-candidatura do senador.

A cúpula petista indicou que poderá subir no palanque de candidatos do PSD nos estados caso o partido apoie a candidatura de Lula.

Terceira via

A incerteza de Pacheco em ser candidato à Presidência é mais um indicativo de possível afunilamento na chamada "terceira via".

Outros pré-candidatos desse campo, que tentam se viabilizar como contraponto à polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), devem deixar a corrida eleitoral.

Além do assédio do PT, o convite de Bolsonaro ao suplente de senador Alexandre Silveira (PSD-MG), aliado de Pacheco, para a liderança governo no Senado desgastou o presidente do Congresso.

Integrantes da bancada do PSD na Casa não aceitam que o partido esteja na liderança do governo Bolsonaro e veem a conversa como um gesto de Pacheco de que não será candidato ao Planalto.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin negociou uma filiação ao PSD, mas o partido queria que o ex-tucano concorresse ao governo paulista, e não como vice na chapa de Lula.

Alckmin mantém agora negociações mais avançadas como o PSB. Lula tem insistido numa retomada das conversas entre PSD e Alckmin e pretende se reunir com Kassab nos próximos dias.

O dirigente insiste que Pacheco será candidato a presidente. "Alckmin está envolvido no projeto do Lula no primeiro turno, e nós vamos ter candidatura própria", afirmou Kassab ao Estadão/Broadcast.

"Nós só estamos esperando passar fevereiro. Ele é presidente do Senado, tem a tribuna para falar todo dia com o Brasil", disse.

Palanques

Nos acordos regionais, há pressões contra e a favor de uma candidatura presidencial do PSD. Em Minas, reduto de Pacheco, Lula negocia um apoio da candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo estadual.

Na Bahia, o PSD está próximo de apoiar o senador Jaques Wagner (PT) para o governo do estado, mas o PT estaria disposto a abrir mão da candidatura própria e apoiar o senador Otto Alencar (PSD) na disputa com ACM Neto (DEM).

No Paraná, por outro lado, Ratinho Junior (PSD) tentará a reeleição no palanque de Bolsonaro.

"Se o partido não cumprir a sua premissa de ter candidato, seja para que lado for, vai causar uma ruptura e um desconforto interno. Por uma questão estratégica, o partido terá candidato à Presidência da República e ao governo de São Paulo", afirmou o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP).

Sem Alckmin, o partido avalia lançar o prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth, na disputa pelo governo paulista.