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Bolsonaro encontra Edir Macedo em inauguração de templo da Igreja Universal

Bolsonaro tem nos evangélicos um de seus principais grupos de apoio na sociedade - Clauber Cleber Caetano/PR
Bolsonaro tem nos evangélicos um de seus principais grupos de apoio na sociedade Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Lauriberto Pompeu

Estadão Conteúdo, Brasília

01/08/2022 08h32

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou ontem da inauguração de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) em Taguatinga (DF), com a presença do bispo Edir Macedo. O Republicanos, partido fundado por bispos da Universal, formalizou apoio à reeleição do presidente no sábado, 30.

Em 2018, Macedo declarou voto em Bolsonaro. Desde o ano passado, a Igreja Universal tem intensificado o discurso contra a esquerda, apesar de algumas críticas de seus representantes ao governo Bolsonaro, como na condução diplomática da crise sobre o comando da igreja em Angola, tomado por pastores locais.

No culto deste domingo, o líder religioso evitou entrar em assuntos políticos, e Bolsonaro não discursou. Após o fim da cerimônia religiosa, o presidente permaneceu por cerca de duas horas no templo, em espaço reservado, e deixou o local sem dar entrevistas. O encontro ocorreu a duas semanas de a campanha eleitoral começar.

Além de Bolsonaro, também participaram da inauguração a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que é evangélica, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, filiada ao partido, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), candidato à reeleição com apoio do Republicanos.

O presidente tem nos evangélicos um de seus principais grupos de apoio na sociedade. Ele liderou os votos entre os protestantes em 2018. As intenções de voto no segmento superam a média do presidente e registram crescimento nas últimas pesquisas registradas.

A Igreja Universal é considerada no meio religioso uma das potências neopentecostais, por ter sucesso eleitoral e uma estrutura centralizada de comando. O Republicanos cresce a cada eleição na Câmara e tem atualmente uma bancada de 43 deputados, nem todos evangélicos.

Por influência dos religiosos, Bolsonaro indicou o advogado presbiteriano André Mendonça para ser ministro "terrivelmente evangélico" do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro promete repetir o critério de escolha se for eleito para um novo mandato.

Em janeiro, a Universal disse, por meio de um texto publicado em seu site, que é incompatível ser cristão e votar em candidatos de esquerda. De acordo com o artigo, que não é assinado, "esquerdistas se travestem de defensores do povo".

O fundador da Universal já participou como convidado de honra em 2019 do primeiro desfile do 7 de setembro da gestão de Bolsonaro na Presidência. Além da Universal, Macedo também tem controle da Record TV, considerada por aliados e auxiliares do presidente uma emissora menos crítica ao governo.

Apesar dos sinais de reedição do apoio ao presidente, Macedo já se aliou no passado a governos do PT e políticos ligados à Universal compuseram os governos Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a retornar ao Palácio do Planalto, e Dilma Rousseff. Um deles, o bispo Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro, ex-ministro da Pesca e sobrinho de Macedo, manteve conversas com outros pré-candidatos ao longo deste ano. No PT, há quem espere um alinhamento imediato da Universal caso Lula vença a eleição.

Por outro lado, o Republicanos abrigou e lançou o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. Ele é um dos principais candidatos do bolsonarismo no País. O presidente fez questão de participar da convenção que oficializou Tarcísio como candidato a governador e confirmou a aliança com o Republicanos no plano nacional.

Embora seja aliado de Bolsonaro, Pereira não tem participado das reuniões no comitê de campanha do presidente, em Brasília, e faltou à convenção nacional que confirmou Bolsonaro como candidato à reeleição. O dirigente do Republicanos minimizou a ausência. "Não fui chamado e se fosse acho que não iria porque sou o único que disputará eleição", disse Pereira, que busca renovar o mandato de deputado federal.