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Por que não há presos por atos de vandalismo em Brasília?

Apoiadores de Jair Bolsonaro atearam fogo em ônibus durante protesto em Brasília - 12.dez.2022 - Ueslei Marcelino/Reuters
Apoiadores de Jair Bolsonaro atearam fogo em ônibus durante protesto em Brasília Imagem: 12.dez.2022 - Ueslei Marcelino/Reuters

Lauriberto Pompeu

13/12/2022 15h07Atualizada em 13/12/2022 15h20

Os atos de vandalismo na noite desta segunda-feira, 12, na capital federal terminaram sem que nenhum dos autores dos episódios de violência fossem presos. Os manifestantes, que pregam uma intervenção militar para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tocaram fogo em pelo menos oito veículos, apedrejaram uma caminhonete do Corpo de Bombeiros, tentaram invadir a sede da Polícia Federal e atacar diversos prédios públicos e privados na área central de Brasília.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal disse que "não foram constatadas prisões relacionadas aos distúrbios civis ocorridos". Segundo a pasta, "para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes". Na noite de ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) chegou, no entanto, a dizer que a ordem era prender os vândalos.

Durante os protestos violentos, bujões de gás foram colocados ao lado de veículos que foram incendiados. Pedaços de concreto e pedras colocadas no meio de vias para impedir a passagem de carros. Na ação de ontem, a PM usou bombas de gás e balas de borracha, mas não se aproximou de nenhum grupo. Nem mesmo os homens que tentaram jogar um ônibus de cima de um viaduto e depois atearam fogo no veículo foram abordados. Vídeos e fotos da depredação mostram que os policiais guardavam distância dos vândalos.

Apesar da ausência de prisões até o momento, o governo do DF afirmou que os autores dos ataques, "uma vez identificados, serão responsabilizados". Ainda de acordo com a Secretaria, a Polícia Federal vai investigar "os crimes relacionados aos atos que atentem contra a instituição e crimes de natureza federal".

Diferente do que aconteceu neste ano, nos protestos que se iniciaram em junho de 2013, o catador de latas Rafael Braga chegou a ser preso preventivamente durante os atos. Acusado de ter dois coquetéis molotov, ele foi condenado por portar material explosivo. Em 2017, Braga teve a prisão convertida em domiciliar. Além dele, a ativista Elisa Quadros, conhecida como "Sininho" e outros quatro manifestantes que participaram dos protestos foram presos em 2014. Posteriormente, eles foram soltos.

Em entrevista coletiva ontem, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que as medidas de repressão serão tomadas. Dino lembrou que o motivo alegado pelos bolsonaristas para começarem os ataques foi justamente a determinação para que um dos radicais fosse preso. "As medidas de responsabilização já adotadas, as que foram adotadas hoje e que serão adotadas irão prosseguir. Não há hipótese de haver passos atrás na garantia da ordem pública em razão da violência. Estado brasileiro tem o dever de agir", declarou.