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Josué Gomes, presidente da Fiesp, rejeita convite de Lula para ser ministro da Indústria

Josué Gomes da Silva, Presidente da Fiesp, durante reunião - Divulgação/Governo de São Paulo
Josué Gomes da Silva, Presidente da Fiesp, durante reunião Imagem: Divulgação/Governo de São Paulo

Vera Rosa e Anna Carolina Papp

Estadão Conteúdo, Brasília

17/12/2022 09h40

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, recusou o convite para ser ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva chamou Josué na quarta-feira, 14, durante encontro em Brasília. Nesta sexta-feira, 16, porém, ele disse não ter condições de aceitar, sob o argumento de que não poderia assumir o cargo como um "derrotado" na Fiesp. O empresário alegou que, se fizesse isso, pareceria um "refugiado" dentro do governo.

Josué viajou com a família para os Estados Unidos nesta sexta e conversou com Lula, por telefone, antes de embarcar. O presidente da Fiesp tem enfrentado uma crise na entidade porque parte da diretoria quer destituí-lo. Ele, porém, reagiu ao edital assinado por sindicatos patronais, que convocavam uma assembleia para o próximo dia 21, com o objetivo de tirá-lo do posto. Na tentativa de ganhar tempo, o herdeiro da Coteminas conseguiu marcar uma assembleia da Fiesp para 16 de janeiro de 2023.

A insatisfação com Josué aumentou quando a Fiesp divulgou uma carta em defesa da democracia, há quatro meses. O texto foi lido pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias na manifestação em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 11 de agosto, e provocou protestos de representantes da indústria por ser interpretado como um aceno a Lula.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o empresário Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp, é um dos principais críticos de Josué e critica sua administração. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011, Josué tem trânsito nos três Poderes e é muito próximo de Lula. A amizade aumentou durante os dois mandatos do petista. No ano passado, Lula chegou a sondar o dono da Coteminas para ser vice em sua chapa, mas ele recusou.

A volta do MDIC

A pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que será recriada como fruto da divisão do "superministério" da Economia, de Paulo Guedes, nascerá fortalecida no governo Lula 3. Na semana passada, o gabinete de transição confirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - a ser comandado por Aloizio Mercadante - e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) terão suas estruturas subordinadas ao MDIC.

Hoje, a estrutura do BNDES, que é o principal instrumento de fomento do governo federal, está sob o guarda-chuva do Ministério da Economia. Já a Apex Brasil, um serviço social autônomo, é vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Como mostrou o Estadão, o futuro ministério deve assumir a elaboração de metas de médio e longo prazos, atribuição que, segundo a equipe de Lula, deixou de ser desempenhada por governos anteriores. Os acordos internacionais, área que o presidente eleito quer priorizar, também serão abarcados pelo novo ministério.

Nessa nova configuração, a pasta do Planejamento poderá ter a função esvaziada para a área de gestão de recursos humanos, inclusive de negociações salariais, além de demandas orçamentárias mais imediatas.

No novo mandato de Lula, o atual "superministério" da Economia deve ser dividido em quatro pastas, que ainda podem mudar de nome: Fazenda; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Planejamento e Orçamento e, ainda, Gestão. O Estadão apurou que este último formato, separando Planejamento e Orçamento de Gestão, foi um pedido feito a Lula pelo novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.