Cerrado deve produzir 600 mil t de trigo na safra 2023/24, com quebra pelo clima

São Paulo, 8 - A região do Cerrado deve produzir pelo menos 600 mil toneladas de trigo - entre cereal de sequeiro e irrigado - na safra 2023/24, estimou nesta terça-feira o presidente da Associação dos Triticultores de Minas Gerais, Eduardo Elias Abrahim. Ele participa, nesta tarde, de webinar promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) com o tema "Cenário do Mercado de Trigo no Brasil e no Mundo".Ibrahim avisa, porém, que essa estimativa ainda não é oficial e leva em conta levantamentos entre corretoras, produtores e moinhos dos Estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia, além do Distrito Federal. O dirigente ressaltou que a safra poderia ser bem maior, porque, devido ao clima extremamente seco e ao calor, "inclusive durante a noite", que ainda ocorrem no Cerrado brasileiro, houve quebras significativas. No caso de Minas Gerais, ele informa que, enquanto o Estado colheu, na safra passada, 480 mil toneladas de trigo de sequeiro, nesta safra, mesmo com área maior semeada, a produção não deve passar de 250 mil toneladas. "Devemos ter redução na casa dos 50%", reforçou. "O problema maior foi o clima." De todo modo, justamente por causa do tempo seco, a colheita tem garantido um cereal "de qualidade excepcional", bastante elogiada pelos moinhos. "Houve inclusive, na safra passada, demanda pelo trigo mineiro, por parte de moinhos do Sul do País", complementou. Em relação a Goiás, apesar de o clima quente e seco também ter incidido no Estado este ano, há o diferencial, em relação a Minas, de que há 40 mil hectares de lavouras irrigadas de trigo. "Então, pela primeira vez, Goiás deve ultrapassar Minas na produção, podendo alcançar 300 mil toneladas, fundamentalmente por causa da área irrigada." Já nas áreas de sequeiro o trigo também sofreu perdas, com produtividade que não deve ultrapassar 10 sacas por hectare, diz Ibrahim.A safra na Bahia sofreu menos com o clima, diz o presidente da associação. "O clima no cerrado baiano foi um pouco mais ameno e o Estado deve colher 60 mil toneladas, igualmente com qualidade excepcional, apontada pelos moinhos."Ibrahim ressaltou ainda que as 600 mil toneladas de trigo produzidas no Cerrado "serão insuficientes" para os moinhos da região. "Vamos precisar trazer trigo de fora." Ele lembrou ainda que este mês de outubro "será decisivo" em relação ao clima, pois as lavouras ainda estão no campo.

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