Saiba quem disputou a licitação dos caças Gripen, alvo de investigação nos EUA

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos investiga um contrato fechado em 2014 pelo governo brasileiro para a aquisição de 36 caças militares do modelo Gripen. A licitação, vencida pela fabricante sueca Saab, foi a maior aquisição militar da América Latina, com 36 modelos adquiridos ao custo de 4,5 bilhões de dólares.

Além da empresa sueca, a Boeing, marca americana, e a Dassault, da França, também participaram da concorrência. O edital para a compra dos caças foi lançado em 2006 e só foi concluído oito anos depois, no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT).

A licitação, que vinha sendo disputada por uma empresa americana, ocorreu na mesma época em que veio à tona que Dilma Rousseff e mais 29 integrantes do alto escalão do governo brasileiro estavam sendo espionados por autoridades dos Estados Unidos. O vazamento foi revelado pelo portal WikiLeaks, fundado pelo ativista Julian Assange.

A Saab disse nesta quinta-feira, 10 que foi intimada pelo Departamento de Justiça americano a prestar informações sobre a licitação. O comunicado, na prática, revelou a existência de uma investigação em solo americano sobre o negócio.

No Brasil, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2016 por suspeita de tráfico de influência nessa contratação.

Na denúncia, o MPF atribuiu ao petista os crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Segundo os procuradores, entre 2013 e 2015, Lula, já como ex-presidente, "integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas". A Procuradoria apontou ainda que, em contrapartida pela intervenção, Luís Cláudio, filho do petista, recebeu cerca de R$ 2,5 milhões.

A ação penal contra o petista foi trancada pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski em fevereiro de 2023. Lula sempre negou ter participado das negociações do contrato, que foi assinado quando ele não era mais presidente.