Candidato em Cuiabá usa tempo de debate só para ler propostas e é chamado de 'covarde'

O debate realizado pela Globo com os candidatos à prefeitura de Cuiabá (MT) nesta sexta-feira, 25, foi marcado por momentos inusitados, especialmente após o candidato Abílio Brunini (PL) adotar, nos dois últimos blocos, a estratégia de falar exclusivamente sobre suas propostas, esgotando seu tempo total e recusando-se a responder às perguntas do adversário Lúdio Cabral (PT).

A partir do terceiro bloco, com temas livres e oito minutos e meio para cada candidato administrar entre perguntas e respostas, Abílio adotou a tática de usar todo o seu tempo para expor suas propostas, sem responder ao adversário. Nos minutos finais, ainda ironizou Lúdio com um "boa sorte com seu tempo" antes de voltar ao púlpito. Em resposta, o petista classificou a postura do candidato do PL como um desrespeito e o chamou de "covarde" e "desesperado".

A cena se repetiu no quarto e último bloco, quando os temas foram definidos e cada candidato teve cinco minutos. Abílio novamente utilizou o tempo para falar apenas sobre seus planos de governo, enquanto Lúdio voltou a criticar o comportamento do adversário, chamando-o de "desequilibrado".

Embora a atitude tenha inviabilizado os dois últimos blocos, a mediadora do debate, a jornalista Luzimar Collares, não pôde intervir, já que Abílio não infringiu nenhuma das regras acordadas previamente.

Apadrinhados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respectivamente, Abílio e Lúdio supreenderam ao deixar para trás, no primeiro turno, o nome apoiado pelo governador Mauro Mendes, Eduardo Botelho (União Brasil), que estava à frente nas pesquisas. Os levantamentos mais recentes mostram Brunini à frente, mas Lúdio vem diminuindo a diferença.

De acordo com pesquisas divulgadas nos últimos dias, Brunini lidera numericamente com uma diferença de cinco a sete pontos sobre Lúdio, dependendo do levantamento -52,6% x 45,7% na AtlasIntel, 48,3% x 43,1% na Paraná Pesquisas. No começo do mês, o petista aparecia com menos de 40% dos votos e o bolsonarista, com cerca de 53%.