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Governo italiano é acusado de financiar prostituição gay

20/02/2017 18h49

ROMA, 20 FEV (ANSA) - Criado para combater o preconceito na Itália, o Escritório Nacional Antidiscriminação Racial (Unar, na sigla em italiano), órgão subordinado à Presidência do Conselho dos Ministros, está sendo acusado de financiar a prostituição masculina.   

O caso estourou no último domingo (19), quando o programa "Le Iene", uma espécie de "CQC" da Itália, transmitiu uma reportagem denunciando a promoção de relações sexuais em troca de pagamento nos "centros de massagem" de uma associação que defende os direitos da comunidade gay.   

Essa mesma entidade, que não teve o nome revelado, teria recebido 55 mil euros do Unar, cujo diretor, Francesco Spano, foi acusado de estar entre os sócios da ONG, o que também configuraria conflito de interesses.   

A denúncia provocou reações furiosas no ambiente político italiano, principalmente entre partidos conservadores. A presidente da legenda de extrema-direita Irmãos da Itália (FDI), Giorgia Meloni, foi a primeira a protestar com veemência, pedindo o fechamento imediato do Escritório Antidiscriminação.   

"A Itália não precisa de um órgão que financia uma associação gay onde seriam consumadas relações sexuais em troca de pagamento", declarou. A ultranacionalista Liga Norte também cobrou o fim do departamento e medidas do governo para coibir o uso de dinheiro público para financiar atividades ilícitas.   

"O Unar deve ser fechado, e o primeiro-ministro Paolo Gentiloni precisa se pronunciar publicamente sobre o episódio", disse o deputado Alessandro Pagano. Já o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) pediu esclarecimentos à subsecretária da Presidência do Conselho dos Ministros, Maria Elena Boschi.   

"O cenário que emerge é inquietante, e Maria Elena Boschi deve dar explicações imediatas", diz um comunicado dos representantes da legenda populista na Comissão de Assuntos Sociais da Câmara dos Deputados. Por sua vez, a Coordenação das Associações para a Defesa dos Consumidores (Codacons) solicitou que a Procuradoria da República em Roma abra um inquérito sobre o caso.   

Pressionado, Spano renunciou ao cargo no início da noite desta segunda-feira (20), após uma longa reunião com Boschi. Além disso, o governo italiano suspendeu o contrato com a ONG em questão, mas ressaltou que ela ainda não havia recebido os valores previstos.   

O programa não mencionou o nome da entidade suspeita, mas a imprensa local especula que se trate da Associação Nacional contra as Discriminações por Orientação Sexual (Anddos).   

Procurado pelo site "Gay Post", o presidente da organização, Marco Canale, limitou-se a dizer que a reportagem foi "montada" para reafirmar o "estereótipo homossexualidade, perversão e prostitução". "Só faltou a pedofilia", ironizou. (ANSA)
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