Papa admite novo escândalo financeiro no Vaticano
AVIÃO PAPAL, 26 NOV (ANSA) -- O papa Francisco afirmou nesta terça-feira (26), em seu voo de retorno do Japão, que pela primeira vez o Vaticano está sendo "destampado" a partir de dentro, e não por ações externas.
A declaração se refere ao mais recente escândalo financeiro na Santa Sé, que já custou a suspensão de cinco funcionários e a renúncia do comandante da Gendarmaria do Vaticano, principal responsável pela segurança do Pontífice.
"É a primeira vez que, no Vaticano, a panela é destampada de dentro, não de fora", disse Jorge Bergoglio. Dos cinco funcionários suspensos, quatro trabalham na Secretaria de Estado, e o quinto é diretor da Autoridade de Informações Financeiras (AIF), principal órgão de controle de transações envolvendo as contas da Santa Sé.
Eles são suspeitos de envolvimento em operações irregulares, incluindo milionárias transações imobiliárias no exterior e a gestão do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação dos donativos à Igreja Católica.
"Há coisas que não parecem limpas", disse o Papa nesta terça, em referência a um edifício residencial em Londres financiado com dinheiro do Óbolo de São Pedro. O investimento, feito em parceria com um fundo de Luxemburgo, custou US$ 200 milhões.
"É possível comprar uma propriedade, alugá-la e depois vendê-la, mas sempre pelo bem do povo do Óbolo. Mas aconteceu o que aconteceu, um escândalo, e fizeram coisas que não parecem limpas", declarou Francisco.
Segundo o Papa, existe a suspeita de crime de "corrupção" no caso, e os interrogatórios devem começar em breve. "Fizeram buscas em cinco escritórios, e hoje, apesar da presunção de inocência, existem capitais que não são bem administrados, e há também corrupção. Acho que em um mês começarão os interrogatórios das cinco pessoas bloqueadas por indício de corrupção", acrescentou.
Recentemente, o Vaticano anunciou também a saída do presidente da AIF, o laico suíço René Bruelhart, que encerrou um mandato de cinco anos. De acordo com Francisco, o substituto será divulgado nos próximos dias. "Será um magistrado de alto nível", garantiu.
O escândalo já custou o cargo do então comandante da Gendarmaria do Vaticano, Domenico Giani, que renunciou após ter sido acusado em mensagens anônimas de vazar informações sobre a investigação para a imprensa.
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