Egito e Grécia fecham acordo sobre fronteiras marítimas
Os governos do Egito e da Grécia anunciaram hoje a assinatura de um acordo "que traça as fronteiras marítimas" entre as duas nações com o objetivo de criar uma zona econômica exclusiva para ter os "maiores benefícios" na extração de petróleo e gás natural no Mediterrâneo.
O pacto foi anunciado após uma reunião bilateral entre os ministros das Relações Exteriores Sameh Shoukry, do Cairo, e Nikos Dendias, de Atenas, e é uma clara resposta às ações do governo da Turquia na região.
Durante a coletiva de imprensa, Shoukry afirmou que o acordo "reflete as relações privilegiadas entre os dois países e permite ter lucro com as reservas que estão localizadas na área".
Os dois ministros não citaram o governo de Ancara expressamente, mas deram diversas declarações que mostraram sua insatisfação com os turcos. "As relações entre Egito e Grécia são um fator importante para a manutenção da segurança e da estabilidade no Mediterrâneo", acrescentou ainda o egípcio.
Dendias também alfinetou a Turquia e disse que o pacto firmado hoje "marca uma nova etapa entre as relações estreitas das duas nações" e que permite "fazer frente, lado a lado, a todos os desafios". O representante de Atenas ainda pediu que "todos os Estados sigam o modelo do acordo Egito-Grécia e tracem fronteiras marítimas respeitando o direito internacional".
O anúncio do entendimento vem cerca de três semanas depois de um aumento da tensão entre Grécia e Turquia, onde Atenas acusou os turcos de invadirem áreas do Mar Egeu para explorar petróleo e gás em águas próximas à ilha grega de Kastelorizo.
O Ministério das Relações Exteriores chegou a fazer um protesto formal contra Ancara pelos planos de navegação entrarem em águas gregas. A União Europeia está atuando tentando mediar a crise.
Além disso, o pacto é também uma resposta a um acordo firmado entre a Turquia e o governo de Trípoli, na Líbia, em novembro do ano passado, que reconhece algumas áreas marítimas como líbias - sendo que os gregos dizem pertencer a Atenas.
Pouco tempo depois dos dois países anunciarem o pacto, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia afirmou que "não reconhece o acordo das fronteiras marítimas" e demonstrará sua ineficácia "na prática e nas mesas internacionais". A nota ainda destaca que ele afeta uma área "reconhecida também pelas Nações Unidas como plataforma continental turca".
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