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CIA armou vacinação falsa para pegar DNA de Bin Laden, diz jornal

12/07/2011 11h56

A Agência Central de Inteligência americana (CIA) usou uma campanha falsa de vacinação para tentar acessar as instalações usadas pelo líder da Al-Queda, Osama Bin Laden, no Paquistão, e obter seu DNA, segundo informa nesta terça-feira o jornal britânico The Guardian.

O diário afirma que agentes da CIA recrutaram um médico local para organizar a campanha na cidade paquistanesa de Abbottabad, onde o líder da Al-Qaeda se escondeu por diversos anos. De acordo com o Guardian, o paquistanês foi preso depois da ação.

A CIA se nega a comentar as alegações, que ocorrem em um momento de tensão entre Islamabad e Washington. Bin Laden foi morto em 2 de maio, em uma operação militar americana na mansão em que ele morava em Abbottabad.

As relações entre Paquistão e Estados Unidos pioraram desde a morte do líder da Al-Qaeda. Muitos americanos se perguntam como Bin Laden pode ter vivido tanto tempo escondido em Abbottabad, a menos de 1 km da principal academia militar paquistanesa.

Amostra de sangue
Segundo o Guardian, o recrutamento do médico paquistanês Shakil Afridi para simular a campanha de vacinação fez parte dos longos preparativos americanos para a operação que levou à morte de Bin Laden.

A intenção, segundo o Guardian, era fazer um profissional de saúde entrar no complexo usado por Bin Laden e obter uma amostra de sangue de seus filhos. Assim, um teste de DNA poderia ser feito para confirmar a sua presença no local - algo que, até então, era difícil de verificar com precisão.

O DNA das crianças seria comparado ao de uma irmã de Bin Laden, cujo material genético já havia sido obtido. O jornal afirma ser incerto se a CIA conseguiu obter o DNA de Bin Laden, embora um informante indique que a operação não teve sucesso.

De acordo com o correspondente da BBC em Islamabad Aleem Maqbool, embora americanos e paquistaneses não tenham comentado oficialmente a reportagem, o Guardian alega que ambas as partes tentaram impedir a publicação das alegações.

O Guardian afirma que autoridades da CIA arranjaram para que enfermeiros realizassem a vacinação em Abbottabad. De acordo com o jornal, a campanha teve início em uma parte mais pobre da cidade paquistanesa, para parecer mais autêntica.

Prisão
Segundo uma fonte não-identificada das forças armadas paquistanesas ouvida pelo serviço em urdu da BBC, um profissional de saúde que aplicou a vacina contra pólio em crianças dentro da mansão de Bin Laden foi preso logo depois da operação de 2 de maio.

A mesma fonte afirma que diversas crianças foram chamadas de dentro do complexo usado pelo líder da Al-Qaeda para receber as gotas da vacina.

O profissional teria dito a investigadores que as crianças falavam fluentemente o idioma pashto, assim como as mulheres que as levaram para ser vacinadas. O homem detido não teria visto o rosto das mulheres, pois eles estariam vendados.

A fonte militar ouvida pelo serviço em urdu da BBC afirma que o profissional da saúde continua sob custódia, mas ele não é suspeito de ter colaborado com os agentes secretos americanos.

A reportagem afirma que a CIA decidiu lançar a campanha depois que um mensageiro de Bin Laden foi visto na mansão de Abbottabad.

Três mulheres de Bin Laden e diversas crianças foram detidas depois da operação em Abbottabad. Os familiares teriam fornecido informações vitais sobre as atividades do líder da Al-Qaeda, tornando-se as maiores testemunhas da ação que o matou.

Homem mais procurado do mundo, Bin Laden é acusado de ser mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, que mataram quase 3 mil pessoas.