Quais são os 10 países "mais pacíficos do mundo"?
Estudo avalia indicadores como conflitos internos e externos, taxa de homicídios, manifestações violentas e grau de militarização
Uma má notícia: o nosso planeta hoje é um lugar muito menos pacífico do que há 10 anos. E os números que descrevem essa situação são assustadores.
Segundo relatório mais recente do Instituto para Economia e Paz (IEP), um centro internacional de estudos sobre desenvolvimento humano, o número de vítimas por conflitos se duplicou na última década, chegando a quase 60 milhões em 2015.
E o chamado Índice Global da Paz (IGP) do instituto registrou também o mais alto número de mortes em combate dos últimos 25 anos, bem como um aumento de 80% nas mortes por atos terroristas em comparação com o ano passado.
De acordo com o estudo, apenas 69 países do mundo não tiveram ao menos um incidente terrorista, e a tendência negativa no mundo quando o assunto é paz encontra uma clara explicação pelo que ocorre no Oriente Médio.
"A concentração da violência e do conflito no Norte da África e no Oriente Médio é tão intensa que, se considerados separadamente, a paz no resto do mundo, em média, melhorou", diz o documento.
Os países mais pacíficos - Índice Global da Paz 2016
1. Islândia - 1,192
2. Dinamarca - 1,246
3. Áustria - 1,278
4. Nova Zelândia - 1,287
5. Portugal - 1,356
6. República Tcheca - 1,360
7. Suíça - 1,370
8. Canadá - 1,388
9. Japão - 1,395
10. Eslovênia - 1,408
O índice está na décima edição e avalia 23 indicadores, como número e duração de conflitos internos e externos, taxa de homicídios, possibilidade de manifestações violentas e grau de militarização.
Também classifica as nações em uma escala de um a cinco, onde o número 1 representa mais proximidade do estado de paz - com ausência total de violência e conflito -, e o número 5, mais distanciamento.
Os países menos pacíficos são Síria, Sudão do Sul, Iraque, Afeganistão e Somália.
A Islândia pontua muito bem em quase todas as variáveis, exceto pelo indicador de importações de armas e, em menor medida, pela percepção de criminalidade e número de agentes de segurança.
Brasil
A instabilidade política fez o Brasil perder posições na lista de países mais pacíficos. O país caiu duas posições no ranking em relação ao ano passado e é apenas a 105º mais pacífica entre 163 nações avaliadas no IGP. Ficou atrás de países como Haiti (89º), Jordânia (96º) e Estados Unidos (103º).
"No Brasil, um aumento de 15% na instabilidade política, associado a deteriorações nas taxas de encarceramento e policiamento, mostra uma tendência preocupante a apenas poucos meses do começo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro", afirmou, em nota, a organização responsável pelo estudo.
No caso brasileiro, o instituto afirma que a instabilidade política foi desencadeada pelo escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, mas pondera que tal cenário ainda não indica maior possibilidade de manifestações violentas.
Um destaque negativo para o Brasil é o alto custo de contenção da violência, estimado em US$ 338 bilhões, ou 14% do PIB - entre os 163 países do estudo, o país é o 32º que mais gasta nesse sentido.
América do Sul
Entre 11 países da América do Sul avaliados, o Brasil aparece como o 9º mais pacífico, à frente apenas de Venezuela e Colômbia. Chile, Uruguai e Argentina lideram o ranking regional.
Com níveis mais baixos de militarização e conflitos internacionais por causa de relações mais amigáveis entre nações vizinhas, a América do Sul melhorou levemente a performance em relação a 2015, mas perdeu o posto de quarta região mais pacífica do mundo para a América Central e Caribe.
Segundo o IEP, as regiões mais violentas do mundo continuam sendo o Oriente Médio e o Norte da África, e a Europa é a mais pacífica - ainda assim, as mortes em consequência de ações terroristas mais que dobraram no continente europeu nos últimos cinco anos.
Mundo
No total, 81 países melhoraram seus índices de paz, mas a deterioração verificada em 79 países praticamente superou o impacto desses ganhos. Enquanto muitos países passam por níveis recordes de pacificação, as 20 nações mais violentas gradativamente se tornam mais perigosas.
O cenário se agravou mais no Iêmen, Ucrânia, Turquia, Líbia e Barein. Panamá, Tailândia, Sri Lanka, África do Sul e Mauritânia avançaram mais em pacificação.
No cenário mais amplo, o mundo enfrenta um pico histórico do terrorismo, a maior alta por mortes em confrontos em 25 anos e um nível de refugiados e deslocados por conflitos nunca visto em 60 anos, aponta o relatório.
Segundo o IEP, tais fenômenos estão interligados e têm origem em um pequeno número de países, o que mostra como abalos à paz repercutem mundialmente.
"Enquanto os conflitos internos no Oriente Médio e na África se tornam mais duros, partes de fora estão se envolvendo mais e o potencial para guerras indiretas ou 'por procuração' entre nações está aumentando. Isso é evidente na Síria com o conflito entre o regime de Bashar al-Assad e múltiplos atores não-estatais, agora se espalhando para países como o Iêmen.
Há um conflito 'por procuração' mais amplo entre Arábia Saudita e Irã, e mais recentemente Estados Unidos e Rússia elevaram seus níveis de envolvimento", disse, em nota, o diretor-executivo do IPE, Steve Killelea.
E embora a atividade terrorista esteja altamente concentrada em cinco países - Síria, Iraque, Nigéria, Afeganistão e Paquistão -, o alcance do terrorismo está aumentando, com apenas 23% das nações listadas no índice sem registros de incidentes desse tipo.
O IEP identifica um aumento "dramático" no número de refugiados e deslocados por conflitos, que dobrou de 2007 a 2016 e hoje atinge 60 milhões de pessoas, quase 1% da população mundial. Nove países possuem mais de 10% da população deslocada de alguma forma - índice que atinge 20% na Somália e no Sudão do Sul e 60% na Síria.
O centro de estudos estima que o impacto econômico da violência no mundo em 2015 tenha sido de US$ 13,6 trilhões, ou 13,3% do PIB mundial. O número representa uma queda de 2% em relação ao ano anterior, mas ainda equivale a 11 vezes o montante do investimento direto global.
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