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Putin sai em defesa de acusados de envenenar ex-espião russo no Reino Unido: 'Não são criminosos' 

Alexander Petrov e Ruslan Boshirov são suspeitos de ter usado o agente nervoso Novichok para envenenar ex-espião e a filha - Met Police
Alexander Petrov e Ruslan Boshirov são suspeitos de ter usado o agente nervoso Novichok para envenenar ex-espião e a filha Imagem: Met Police

12/09/2018 06h47

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que os dois suspeitos de envenenar o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, Yulia, no Reino Unido, são civis, não criminosos.

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Na semana passada, o governo britânico identificou os acusados como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov e informou que eles faziam parte do serviço de inteligência militar da Rússia, conhecido como GRU.

A motivação e o possível atual paradeiro deles não foram, no entanto, revelados.

O envenenamento ocorreu na cidade de Salisbury, na Inglaterra, em março deste ano. O ex-espião, de 66 anos, e a filha, de 33, foram encontrados inconscientes no banco de um parque, após deixarem um restaurante.

Eles sobreviveram ao ataque e estão agora em um local não revelado.

Putin afirmou que localizou os dois suspeitos e espera que eles contem, em breve, sua história.

"Nós sabemos quem eles são, nós os encontramos", disse Putin, em Vladivostok.

"Espero que eles apareçam por conta própria e contem tudo. Seria o melhor para todos. Não há nada de especial, nada de criminoso, eu garanto. Vamos ver isso em um futuro próximo", acrescentou.

Mas a Scotland Yard, polícia metropolitana de Londres, e o CPS, sigla para Crown Prosecution Service, órgão ligado ao Ministério Público da Inglaterra e do País de Gales, afirmam que há "provas suficientes" para acusar os dois suspeitos.

Imagens do circuito de segurança mostram os dois suspeitos no aeroporto de Gatwick - Met Police - Met Police
Imagens do circuito de segurança mostram os dois suspeitos no aeroporto de Gatwick
Imagem: Met Police

Os acusados embarcaram de Moscou para Londres supostamente no dia 2 de março com passaportes russos.

Dois dias depois, a polícia disse que eles teriam contaminado a porta da frente da casa dos Skripal, em Salisbury, com o agente nervoso Novichok. Eles teriam usado um frasco de perfume adulterado para borrifar o veneno.

No mesmo dia, os dois teriam voltado para a Rússia.

O CPS não pediu a extradição dos acusados, uma vez que a Rússia não possui acordos de extradição com o Reino Unido.

Mas foi expedido um mandado de prisão que abrange toda a União Europeia, caso eles viajem por esse território.

A polícia acredita que o ataque está relacionado com outro caso de envenenamento no Reino Unido, ocorrido em 30 de junho. Charlie Rowley, de 45 anos, e Dawn Sturgess, de 44, passaram mal em uma casa na cidade de Amesbury, localizada em Wiltshire, 13 km ao norte de Salisbury, onde os Skripal foram vítimas do ataque.

Rowley sobreviveu, mas Sturgess morreu no hospital no dia 8 de julho.

Segundo a polícia, Sturgess e Rowley foram expostos ao Novichok após manusear um frasco de perfume, cujo rótulo - falsificado - indicava ser da marca francesa Nina Ricci.

"Não acreditamos que Dawn e Charlie tenham sido escolhidos deliberadamente como alvos, mas se tornaram vítimas como resultado da imprudência com a qual um agente nervoso tão tóxico foi descartado", disse o comissário-assistente da Scotland Yard, Neil Basu, chefe do policiamento antiterrorismo do Reino Unido.