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O plano de Putin e Evo Morales para construir a usina nuclear mais alta do mundo na Bolívia

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega boliviano, Evo Morales, cumprimentam-se durante o encontro no Kremlin em Moscou, na Rússia, no dia 11 de julho - POOL/REUTERS
O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega boliviano, Evo Morales, cumprimentam-se durante o encontro no Kremlin em Moscou, na Rússia, no dia 11 de julho Imagem: POOL/REUTERS

Boris Miranda (@ivanbor) - Da BBC News Mundo em Bogotá

Da BBC News Mundo em Bogotá

14/07/2019 14h34

Evo Morales aproveitou a visita à Rússia neste mês para avançar o projeto e fechar novos acordos para que seu país começa a usar energia nuclear.

Uma aliança entre a Rússia e a Bolívia prevê a construção de um complexo de tecnologia atômica a mais de 4 mil metros do nível do mar, na cidade de El Alto, vizinha da capital boliviana La Paz.

Uma série de documentos referentes ao projeto foram assinados pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, em uma visita diplomática que Evo fez à Moscou nesta quinta-feira.

Outros acordos bilaterais - como de exploração de lítio, desenvolvimento da agricultura, segurança - também foram fechados, mas o projeto nuclear é o mais chamativo.

A ideia é que o país não apenas seja capaz de gerar energia nuclear, mas consiga fazer pesquisas e usar a energia para fins medicinais e agroindustriais - o complexo tecnológico terá três partes, específicas para desenvolver cada um desses objetivos.

O projeto gerou críticas por parte da oposição a Evo, mas o governo boliviano tem insistido que o plano é seguro e trará benefícios ao país.

Um reator nuclear na Bolívia

Para começar a usar a energia atômica, o governo boliviano criou em abril de 2016 a Agência Boliviana de Energia Nuclear (Aben), e fez os primeiros acordos para receber ajuda da Rússia.

A Aben será responsável pela administração do chamado Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear, que atualmente está em construção.

"Este centro vai estar no livro dos recordes porque é o único que está tão alto no mundo", disse o oficial do governo russo Rosatom Evgueni Paquermánov em uma visita recente às instalações.

"O objetivo é desenvolver aplicações nucleares com fins pacíficos, com responsabilidade social e ambiental", afirma a Aben.

A entidade afirma que assim a Bolívia deixará de ser o único país da América do Sul que não usa energia atômica.

Formação

No fim de junho, Evo Morales homenageou dez bolivianos que foram fazer capacitação em instalações russas. Outro grupo já havia sido enviado em 2018.

O governo boliviano também lançou 260 bolsas de estudo no país para formar futuros operadores da central.

Segundo o presidente, o complexo tecnológico estudará raios gamma para "dar um salto tecnológico e científico na área agroindustrial".

O governo diz que isso permitirá um aumento nas exportações e melhorará a qualidade dos produtos agrícolas do país.

O complexo também terá um centro de radiomedicina para produzir remédios e pesquisar exames que ajudem na detecção precoce de câncer e no tratamento.

Evo diz que esse assunto é uma prioridade e que espera que os centros de oncologia comecem a funcionar no ano que vem.

Questionamentos

A oposição boliviana questiona a implementação de um programa nuclear no país desde o início.

O opositores afirmam que o governo de Evo permitiu que países como Rússia e China tenham interferência demais na Bolívia e criticam o endividamento que foi necessário para o projeto.

Também afirmam que outros projetos energéticos prometidos pela administração de Evo, como a produção de baterias de lítio, ainda não foram concluídos.


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