Protestos em Hong Kong: o que está acontecendo no território, explicado em 3 minutos
Hong Kong enfrenta há meses uma onda de protestos contra o governo, e a crise não dá sinais de que vai arrefecer.
As manifestações tiveram início em junho em repúdio a um controverso projeto de lei, apresentado em abril, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental sob certas circunstâncias.
Os críticos afirmam que a proposta poderia expor a população a julgamentos injustos e tratamento violento, além de proporcionar à China maior influência sobre Hong Kong, o que poderia ser usado para atacar ativistas e jornalistas.
Centenas de milhares de pessoas foram às ruas para protestar. E, após semanas de manifestações, a líder de Hong Kong, Carrie Lam, acabou anunciando que o projeto de lei seria suspenso indefinidamente.
Como os protestos cresceram?
Os manifestantes temiam que o projeto fosse retomado, então continuaram protestando, exigindo que ele fosse derrubado completamente.
Àquela altura, os confrontos entre a polícia e os manifestantes haviam se tornado mais frequentes e violentos.
Em julho, os manifestantes invadiram o Parlamento, vandalizando parte da estrutura. Em agosto, um militante foi ferido no olho, levando os manifestantes a usarem tapa-olhos feitos de gaze e tinta vermelha em solidariedade.
Um ato de protesto no aeroporto internacional de Hong Kong, em agosto, também levou a novos confrontos, além de provocar o cancelamento de centenas de voos.
Em setembro, o projeto de lei foi finalmente derrubado, mas os manifestantes disseram que era "muito pouco e tarde demais".
Os protestos continuaram, sendo marcados por uma escalada crescente da violência.
Em 1º de outubro, enquanto a China celebrava os 70 anos de governo do Partido Comunista, Hong Kong vivia um de seus "dias mais violentos e caóticos".
Um rapaz de 18 anos foi baleado no peito por um policial com arma de fogo, enquanto os manifestantes enfrentavam os policiais com bastões de metal, coquetéis molotov e outros projéteis.
Em resposta, o governo proibiu os manifestantes de usarem máscaras, proibição que muitos ativistas continuam desafiando.
No início de novembro, um deputado pró-Pequim foi esfaqueado na rua por um homem que fingia ser seu partidário.
Uma semana depois, um policial atirou em um manifestante à queima roupa, enquanto ativistas tentavam montar um bloqueio na estrada; mais tarde, no mesmo dia, ativistas pró-democracia atearam fogo em um homem a favor de Pequim.
O que os manifestantes querem?
Alguns manifestantes adotaram o lema: "Cinco demandas, nem uma a menos!" São elas:
- Que os protestos não sejam caracterizados como "motim";
- Conceder anistia aos manifestantes presos;
- Conduzir uma investigação independente sobre suposta violência policial;
- Implementar o sufrágio universal completo;
- A quinta demanda, que seria derrubar o projeto de lei, já foi atendida.
Alguns também pedem a renúncia de Carrie Lam, considerada por eles como uma marionete de Pequim.
Os protestos em apoio ao movimento de Hong Kong se espalharam pelo mundo — houve passeatas no Reino Unido, França, EUA, Canadá e Austrália.
Em muitos casos, os partidários dos manifestantes de Hong Kong foram confrontados por militantes pró-Pequim.
O presidente chinês, Xi Jinping, alertou contra o separatismo, dizendo que qualquer tentativa de dividir a China terminaria em "corpos esmagados e ossos quebrados".
Qual é o status de Hong Kong?
A China cedeu Hong Kong ao Reino Unido em 1842 após a Primeira Guerra do Ópio. Por cerca de um século e meio, o território foi uma colônia britânica.
Só foi devolvido aos chineses em 1997, quando Hong Kong passou a ser uma região administrativa especial da China.
O acordo de devolução estabelecia um modelo conhecido como "um país, dois sistemas" com duração prevista de 50 anos.
À época, ficou acertado que Hong Kong teria seu próprio sistema de leis e independência judicial, preservando certa autonomia em relação à China continental. Diferentemente do resto da China, a população de Hong Kong desfruta, por exemplo, de liberdade de imprensa, de associação e de expressão.
Mas essa autonomia, prevista na chamada Lei Básica, expira em 2047 e não está claro qual será o status de Hong Kong a partir de então.
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