O alerta da Holanda contra os 'caçadores de pedófilos'
A polícia da Holanda pediu o fim da "caça aos pedófilos" no país em meio a uma onda de justiçamento que resultou, mais recentemente, na morte de um professor aposentado de 73 anos, espancado por um grupo de adolescentes.
O delegado Oscar Dros disse que há risco de mais mortes e pediu que as pessoas deixem a justiça para as autoridades.
O homem de 73 anos foi atraído para um encontro por meio de um bate-papo gay para ter contato sexual com um menor de idade.
As autoridades disseram que o professor aposentado estava ciente de que o menino era menor, mas não havia evidências de que ele tivesse tido contatos sexuais anteriores com outros menores.
O ataque na cidade de Arnhem é o mais recente de uma série de 250 incidentes cometidos pelos chamados "caçadores de pedófilos" na Holanda.
O que aconteceu em Arnhem?
Segundo a imprensa holandesa, o grupo de adolescentes teve a ideia de caçar um pedófilo depois de ler histórias semelhantes em outras partes da Holanda.
O ex-professor chegou ao local combinado para o encontro no dia 28 de outubro e foi seguido quando retornou à sua casa. Ele foi espancado por um grupo de meninos e mais tarde morreu no hospital.
O prefeito, Ahmed Marcouch, descreveu o crime como "horrível" com um impacto "tremendo" na comunidade. Dezenas de vizinhos, amigos e ex-alunos participaram de uma cerimônia em homenagem à vítima na semana passada.
Jamil Roethof, advogado de um menino de 15 anos implicado no ataque, disse ao site de notícias local De Gelderlander que a ideia de caçar pedófilos veio do "tédio do coronavírus". O jovem não fez parte do ataque.
Roethof disse que os adolescentes só queriam repreender o homem e não tinham a ideia premeditada de atacá-lo. Ele sugeriu que o ex-professor havia morrido de uma queda.
Sete jovens foram presos, seis deles com menos de 18 anos.
O que a polícia diz?
O chefe da polícia regional Oscar Dros apelou aos cidadãos para "parar a caça aos pedófilos, prisões e provocações." "Deixe isso em nossas mãos", pediu.
Dros disse ao jornal Algemeen Dagblad que houve cerca de 250 incidentes envolvendo esses "caçadores" desde julho, mas provavelmente há muitos mais. A prática foi proibida pela polícia e pelo Ministério Público.
Existem casos de pessoas que foram retiradas das estradas, que foram agredidas, ameaçadas e publicamente envergonhadas na internet.
Grupos do Facebook surgiram em todo o país e alguns atraíram milhares de membros.
Um desses membros disse ao canal de notícias público NOS: "Estamos a fazendo isso para proteger as crianças."
Minutos depois de entrar em um bate-papo, disse ele, "cinco ou seis homens tentam conhecê-lo sabendo perfeitamente que você é um menor". "Isso não está certo", ressaltou.
A polícia holandesa disse que esse comportamento de vigilância "não tem efeito porque muitas vezes as provas que esses cidadãos obtêm são nulas".
E acrescentou que não conhece nenhum caso que tenha levado a uma denúncia de pedófilo.
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