As fortes declarações do secretário de Defesa dos EUA após visita à Ucrânia
O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou nesta segunda-feira (25/4) em entrevista a jornalistas na Polônia que espera ver a Rússia "enfraquecida", para que não possa repetir em outros países o que está fazendo na Ucrânia.
"Queremos que a Ucrânia continue sendo um país soberano, um país democrático capaz de proteger seu território soberano", disse o general aposentado de quatro estrelas.
"Queremos ver a Rússia enfraquecida ao ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia", acrescentou.
Segundo o correspondente da BBC James Landale, os comentários de Austin sobre uma Rússia enfraquecida são "atipicamente fortes" para um secretário de Defesa dos EUA.
"Uma coisa é ajudar a Ucrânia a resistir à agressão russa e outra é falar sobre o enfraquecimento das capacidades da Rússia", disse Landale.
Em uma aparente resposta às declarações de Austin, o presidente russo Vladimir Putin acusou o Ocidente de tentar "dividir a sociedade russa e destruir a Rússia por dentro", um argumento que ele vem usando repetidamente ao longo dos anos.
Austin e o secretário de Estado dos EUA (cargo equivalente ao ministro das Relações Exteriores no Brasil), Antony Blinken, se encontraram com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Kiev no domingo (24/4), marcando a visita de mais alto nível à Ucrânia por autoridades dos EUA desde o início da invasão, há mais de dois meses.
O encontro entre os representantes dos governos dos EUA e da Ucrânia, que durou mais de três horas, acontece no momento em que a Rússia intensifica sua campanha militar no sul e leste do país.
O que mais ele disse?
O chefe do Pentágono garantiu que seu país acredita que a Ucrânia pode vencer o conflito com "a equipe adequada" e o "apoio adequado".
Ele também anunciou que os EUA destinarão outros US$ 713 milhões (R$ 3,5 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia e outras nações europeias.
Segundo Austin, desse montante, quase US$ 332 milhões serão destinados a Kiev.
Com esse valor, a ajuda de segurança total fornecida à Ucrânia pelos EUA desde o início da invasão chega a mais de US$ 3,7 bilhões (R$ 18 bilhões).
Zelensky vem pedindo a líderes ocidentais que aumentem o fluxo de equipamentos militares há semanas, prometendo que as forças ucranianas podem superar as russas se receberem caças e outros armamentos.
Na semana passada, os EUA confirmaram que pela primeira vez forneceram às tropas ucranianas canhões de artilharia e radar anti-artilharia.
O embaixador da Rússia em Washington disse que seu país enviou uma nota diplomática exigindo o fim do fornecimento de armas dos EUA para a Ucrânia.
Retorno de diplomatas
Blinken anunciou que alguns funcionários diplomáticos dos EUA começarão a retornar à Ucrânia a partir da próxima semana.
Eles devem se estabelecer inicialmente em Lviv, no oeste ucraniano, enquanto implementam um plano de longo prazo para reabrir a embaixada dos EUA na capital, Kiev.
O presidente Joe Biden pretende nomear Bridget Brink, diplomata de carreira, como embaixadora na Ucrânia, cargo que permanece vago há mais de dois anos.
Blinken também defendeu a estratégia diplomática dos EUA, alegando que a aliança de países ocidentais formada por Biden pressionou o governo Putin.
"A estratégia que implementamos, o apoio maciço à Ucrânia, a pressão maciça contra a Rússia, a solidariedade com mais de 30 países envolvidos nesses esforços estão tendo resultados reais", disse Blinken.
"E estamos vendo que quando se trata dos objetivos de guerra da Rússia, a Rússia está fracassando, a Ucrânia está tendo sucesso. Uma Ucrânia soberana e independente estará em cena por muito mais tempo do que Vladimir Putin", acrescentou Blinken.
Análise de Jonathan Beale, correspondente de defesa da BBC
O presidente Biden sempre deixou claro que os Estados Unidos não intervirão diretamente na guerra da Ucrânia e não enviarão tropas americanas para se juntar à guerra. Mas a verdade é que os EUA estão cada vez mais envolvidos. E isso foi destacado pelas palavras do secretário de Defesa.
Os Estados Unidos aumentaram dramaticamente o fornecimento de armas para a Ucrânia nas últimas semanas. Apesar dos avisos russos, está claro que enviará mais.
As declarações de Austin deixam claro que os Estados Unidos não são um espectador nesta guerra. Os Estados Unidos querem ver a Rússia derrotada.
Mais do que isso, querem ver a máquina militar da Rússia reduzida a tal ponto que não possa ameaçar nenhum outro aliado europeu no futuro.
O temor, compartilhado pelos aliados da Otan, é que qualquer tipo de derrota na Ucrânia só encoraje as ambições de Putin.
Austin deixou agora claro que os EUA têm seus próprios objetivos estratégicos para esta guerra, mesmo que teoricamente não participem.
O objetivo é deter Putin e enfraquecer as forças armadas da Rússia a tal ponto que não seja mais capaz de ameaçar outras nações.
Até certo ponto, isso já aconteceu.
Especialistas militares já acreditam que levará anos para a Rússia se recuperar de suas perdas militares. Isso também pode enviar um sinal para outra nação com a qual os Estados Unidos estão cada vez mais preocupados: a China.
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