Qatar desiste de mediar guerra em Gaza e ameaça expulsar Hamas
País que negociou soltura de reféns em troca de um cessar-fogo teria desistido de mediar conflito, alegando falta de interesse tanto do Hamas quanto de Israel. Expulsão atenderia a pedido dos Estados Unidos. O Qatar desistiu de atuar como mediador por um cessar-fogo na Faixa de Gaza e ameaça expulsar o Hamas do país, alegando que o escritório do grupo fundamentalista palestino em Doha já "não tem mais serventia", noticiaram agências de notícias neste sábado (9).
Segundo uma fonte anônima ouvida pela AFP, os "qataris informaram tanto aos israelenses quanto ao Hamas que enquanto houver a recusa em negociar um acordo de boa-fé, eles não podem seguir mediando" o conflito.
"Portanto, o escritório político do Hamas já não tem mais serventia", acrescentou.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a decisão do Qatar atende a um pedido do governo dos Estados Unidos.
Embora a pressão tenha partido de representantes do governo do democrata Joe Biden, ela surtiu efeito poucos dias após a vitória do republicano Donald Trump nas eleições à Casa Branca.
Segundo a fonte anônima, o Qatar comunicou sua decisão tanto a Israel e ao Hamas quanto ao governo americano.
Diplomatas do país do Golfo Pérsico teriam dito aos EUA que estariam dispostos a retomar as conversas quando os dois lados do conflito "demonstrarem vontade sincera de voltar à mesa de negociações".
O governo qatari ainda não se pronunciou sobre o caso.
Qatar abriga líderes do Hamas desde 2012
Desde o início da guerra em Gaza, deflagrada após o atentado terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, o Qatar, junto com os Estados Unidos e o Egito, tem mantido conversas com representantes do grupo e com o governo israelense.
Ainda nos primeiros meses do conflito, o Qatar conseguiu negociar a soltura de dezenas de reféns do lado israelense em troca de pausas nas hostilidades e da libertação de prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses.
Mas há meses as negociações se arrastam sem que qualquer novo progresso tenha sido feito. Cerca de cem reféns ainda são mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza e, no lado palestino, o grupo afirma que há mais de 43 mil mortos.
O Qatar abriga líderes políticos do Hamas desde 2012, quando o grupo se desentendeu com o regime sírio. Os EUA apoiaram a aproximação à época, apostando que ela abriria um canal útil de comunicação com o grupo palestino.
Não está claro ainda quando membros do Hamas serão expulsos do Qatar, nem para onde eles irão.
Líderes do grupo palestino - considerado uma organização terrorista por diversos países do Ocidente - estariam se preparando para isso há meses. A Turquia e o Irã estariam entre os refúgios cogitados.
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