Crescimento, reforma tributária e redução da dívida são os desafios da Itália

Miguel Cabanillas.

Roma, 21 fev (EFE).- O crescimento econômico, a revisão de seu sistema fiscal e a redução de sua elevada dívida, que se situa acima de 120% do Produto Interno Bruto (PIB), são os três principais desafios que o novo Governo italiano, que será eleito no pleito dos próximos dias 24 e 25, terá que enfrentar.

O Executivo que sucederá o gabinete tecnocrata de Mario Monti, que deseja voltar a ser primeiro-ministro, desta vez através de eleições, chegará ao poder previsivelmente com menor pressão nos mercados financeiros do que quando o ex-comissário europeu assumiu o cargo em novembro.

Mas, por sua vez, sentirá sobre seus ombros o peso do dever de conservar a confiança que Monti devolveu às finanças da Itália em 13 meses, ampliando ou revisando alguma de suas reformas ou, inclusive, abolindo, como pode acontecer se a centro-direita, liderada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ganhar as eleições.

Nos cinco anos de legislatura que serão abertos a partir da formação do Parlamento, o crescimento será o principal desafio econômico para o Governo, a fim de conseguir que a Itália saia o mais rápido possível da recessão na qual entrou no final de 2011 e deixe para trás a década de débil crescimento vivido pelo país no século 21.

A atual contração da economia, que o Banco da Itália estima que foi de 2,1% em 2012 e que será de 1% neste ano, tem sua primeira consequência, em linha com o que ocorre em outros países da zona do euro, em uma taxa de desemprego recorde, que em dezembro ficou situada em 11,2% e que pode chegar a um pico de 12% em 2014.

Com um desemprego juvenil de 36,6%, os candidatos têm consciência de que, quem chegar ao poder, deve se centrar na tarefa da retomada econômica, um assunto que Monti, que batalhou pelo crescimento junto à França e Espanha, tem pendente, após ver como suas medidas, entre elas seu vasto plano de liberalizações, não deram os frutos desejados em termos de produtividade.

No entanto, o desafio mais importante, o crescimento econômico, ficou marcado na campanha eleitoral por um assunto que, em parte, está relacionado e que foi usado por Berlusconi como principal trunfo para que sua coalizão ganhe as eleições: a necessária reforma que rebaixe a pressão fiscal sobre os italianos.

Concretamente, o imposto sobre bens imóveis, o IMU, que Monti reintroduziu sobre a habitação para sanear as contas públicas, mas que Berlusconi promete voltar a abolir (devolvendo, inclusive, o que foi pago pelos contribuintes em 2012), obrigou o resto dos principais candidatos a prometerem uma revisão da taxa, conscientes de que é uma prioridade para os cidadãos.

Com a alta do IVA a 22% até julho, são abertos diferentes cenários nos próximos meses dependendo de quem chegue ao Governo, desde a continuação do rigor de Monti e Bruxelas, até uma maior frouxidão em termos fiscais proposta por Berlusconi, com sua já famosa promessa de "não colocar a mão no bolso dos italianos" e aumentar seu poder aquisitivo.

Com alguns mercados mais acalmados, o déficit italiano não é uma grande preocupação para a Itália, pois o país estima que fechará 2013 em 1,6% (não é descartado um novo plano de ajuste este ano), e a grande atenção do saneamento das contas públicas é centrada agora na redução da dívida pública, que já chega a 2 trilhões de euros e que prevê que neste ano se eleve até 127,1% do PIB.

Esta redução do nível de dívida, o segundo maior na zona do euro atrás da Grécia, terá que parar, segundo o consenso dos candidatos, com a venda de bens públicos, uma questão que ficou no papel pelo Governo atual, que pretendia aprovar um plano para vender ativos no valor de entre 15 bilhões e 20 bilhões de euros ao ano durante meia década.

Fora do âmbito econômico, a Itália tem outras tarefas pendentes para esta legislatura: a reforma eleitoral, uma lei proposta pela coalizão favorita nas enquetes (a centro-esquerda de Pier Luigi Bersani), e uma reforma judicial, caso o ganhador seja o processado Berlusconi.

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