Li Keqiang diz que não há alternativa para reformas econômicas
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How Hwee Young/Epa/Efe
O novo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse que o país vai reduzir os custos de gestão
O recém nomeado primeiro-ministro da China, Li Keqiang, garantiu neste domingo (17) que a potência asiática "não tem outra alternativa a não ser fazer as reformas" de seu modelo econômico, que classificou como "o futuro da nação".
"Para isso necessitaremos de coragem, sabedoria e persistência", declarou Li em sua primeira entrevista coletiva como primeiro-ministro - com perguntas previamente acordadas -, realizada hoje no Grande Salão do Povo em Pequim, após o encerramento da Assembleia Popular Nacional (ANP), o parlamento chinês.
Ao lado de seus quatro vice-primeiros-ministros, nomeados ontem e dentre os quais há um jovem reformista (Wang Yang), Li garantiu que "ainda há espaço para a melhora da economia socialista", e destacou várias áreas nas quais são necessárias reformas.
Entre elas, ressaltou a necessidade de melhorar o sistema de seguridade social e reduzir as desigualdades econômicas existentes entre a população chinesa, sobretudo entre a urbana e a rural.
"É preciso garantir que todo o mundo tenha acesso à riqueza", disse, e especificou que trabalhará para cobrir as necessidades básicas dos cidadãos, como educação e saúde.
Li, encarregado de comandar a economia do gigante asiático, afirmou que também vai buscar reformas no sistema orçamentário, tributário e financeiro, a fim de torná-lo "mais inclusivo e eficaz".
Além disso, destacou que vai apostar na entrada de capital privado em alguns setores, como as ferrovias (cujo Ministério acaba de ser dissolvido pelo Parlamento) e a geração de energia, entre outros.
O líder afirmou que os principais desafios do país são manter "um crescimento econômico sustentável e prevenir a inflação (que cresceu 3,2% em fevereiro, o maior índice em dez meses)".
O governo estabeleceu como meta de inflação um máximo do 3,5% anuais, e determinou que o crescimento econômico deve atingir o mesmo índice do ano passado de 7,5%.
Perguntado se a China poderá combinar o crescimento econômico com a proteção do meio ambiente, já bastante degradado, Li assegurou que o governo vai fazer um "vigoroso esforço para combater a poluição".
"Sei que todo o mundo está muito preocupado por isso. Estabeleceremos objetivos e datas", e garantiu que as "medidas se tornarão públicas para que a população e os meios de comunicação possam supervisioná-las".
"Não devemos buscar o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente".
A mesma política, disse, será aplicada à segurança alimentar - um "assunto de grande importância", definiu Li - quando se acumulam escândalos pela distribuição de alimentos tóxicos e a má qualidade das principais fontes de água potável.
Como fez anteriormente o presidente Xi Jinping em seu discurso de encerramento da Assembleia Nacional Popular (ANP), Li manifestou seu compromisso na luta contra a corrupção, garantiu que será criado um mecanismo para preveni-la e enfrentá-la, e destacou que o combate à mesma será em todos os níveis.
Sobre a crescente urbanização do país, Li alertou que deve ser feita de forma "prudente", mas reconheceu que se trata de "uma tendência inevitável".
"A urbanização é um projeto grande e complexo que acarreta em profundas mudanças sociais e econômicas. Necessita do suporte de reformas integradas em várias áreas", disse Li aos jornalistas.
O primeiro-ministro, que substituiu Wen Jiabao na sexta-feira (15), garantiu também que apresentará um plano de reforma dos polêmicos campos de trabalho forçado neste ano.