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Suspeitos já estavam sendo monitorados pelo serviço secreto francês

Em Paris

08/01/2015 07h01

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, informou nesta quinta-feira (8) que "várias pessoas" foram detidas na noite passada por relação com o atentado contra a revista "Charlie Hebdo" e que os dois principais suspeitos procurados estavam sendo monitorados pelas forças da ordem.

"O serviço secreto os conhecia e por isso os seguia", disse Valls, em entrevista para a emissora de rádio RTL, ao se referir aos irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos de terem cometido o atentado contra a publicação satírica, que resultou na morte de 12 pessoas.

No entanto, afirmou que "estamos diante de uma ameaça terrorista sem precedentes" e "centenas" de indivíduos são monitorados por possíveis relações com o terrorismo. "O risco zero não existe", frisou, ao justificar o fato de o atentado ter ocorrido mesmo com os irmãos Kouachi entre os monitorados pelo serviço secreto.

Ao ser questionado se houve falha no monitoramento, respondeu que "é uma questão legítima" que será "investigada", mas ponderou que "erros podem ocorrer quando lidamos com indivíduos muito determinados".

Lembrou que, nos últimos anos, as forças da ordem frustraram "várias" tentativas de atentados na França e que "dezenas" de supostos terroristas foram presos.

O primeiro-ministro não quis detalhar se a polícia sabe onde estão os dois suspeitos ao argumentar que "é preciso deixar a polícia fazer seu trabalho". "A prioridade é deter os terroristas que cometeram este atentado abominável", pois a possibilidade de que voltem a cometer ações deste tipo "é a nossa principal preocupação".

Valls frisou que "milhares" de agentes das forças da ordem estão em busca dos suspeitos e que as fotografias dos mesmos foram divulgadas na noite passada para que qualquer pessoa que tenha informações sobre eles possa entrar em contato com a polícia.

O primeiro-ministro não deu detalhes sobre as "várias pessoas" detidas nas últimas horas e se limitou a acrescentar que é preciso esperar os resultados dos interrogatórios.

Entre os detidos está Mourad Hamy, um jovem de 18 anos que se entregou na delegacia de Charleville Mézières, por volta das 23h locais (20h de Brasília) ao saber que era procurado. Ele alega que tem um álibi e que estava na escola durante o atentado. As informações estão sendo checadas.

O presidente francês, François Hollande, reuniu-se na manhã desta quinta-feira com os membros de seu governo responsáveis pela resposta às ameaças terroristas.

A França amanheceu de luto em lembrança dos mortos no atentado e as bandeiras do país permanecerão a meio mastro durante três dias.