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Santos crê que ELN liberte ex-congressista para avançar nos diálogos de paz

28/10/2016 08h00

Bogotá, 28 out (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse em entrevista exclusiva à Agência Efe acreditar que o Exército de Libertação Nacional (ELN) solte "em breve" o ex-congressista Odín Sánchez, para poder avançar na fase pública dos diálogos de paz com essa guerrilha, a segunda maior do país depois das Farc.

"Houve tropeços no dia em que íamos começar essa fase pública, porque não se cumpriu a libertação de alguns sequestrados. Espero que muito em breve aconteça para poder iniciá-la, de modo que tenho toda a vontade e a melhor intenção de também avançar (nas negociações) com o ELN", afirmou o chefe de Estado.

Santos suspendeu nesta quinta-feira a viagem a Quito de sua equipe negociadora, com o que a instalação da mesa de diálogo que tinha sido programada foi adiada até que Sánchez, sequestrado pelo ELN há seis meses, seja libertado "são e salvo".

Santos, que hoje será o anfitrião em Cartagena das Índias da XXV Cúpula Ibero-Americana de chefes de Estado e de Governo, explicou que depois da libertação de Sánchez "é preciso esperar para ver o que vai acontecer".

"Sempre nestes casos um novo procedimento é elaborado. Isso às vezes leva tempo, mas (...) qualquer decisão que seja tomada tem que ser de comum acordo", acrescentou Santos.

Por outro lado, o presidente colombiano disse que não serão fixados prazos para as negociações com o ELN terminarem, pois reconheceu que "fixar prazos, datas finais, sempre é contraproducente".

"Quando eu comecei o processo público com as Farc, há quatro anos, alguém me perguntou isso e eu disse: 'Espero que sejam meses e não anos' e isso me custou caro porque eu tinha dito meses e não anos, então eu prefiro nem sequer dar uma expectativa de tempo. Certamente convém a todos que se o acordo seja feito o mais breve possível. Quanto é cedo? É difícil para mim dizer", explicou.

Santos acrescentou que as negociações de paz com o ELN são diferentes daquelas feitas com as Farc.

"São duas negociações diferentes, com dois estilos diferentes. Inclusive no caso das Farc temos uma equipe negociadora muito precisa, alguns com plenos poderes e outros que vão se alternando", afirmou o chefe de Governo da Colômbia.

A negociação com o ELN terá um esquema completamente diferente, onde "vai haver uma massa crítica de negociadores que o chefe negociador (o ex-ministro Juan Camilo Restrepo) vai escolhendo de acordo com os temas e as circunstâncias".

Segundo disse Santos, todos os negociadores vão estar preparados "e os que são apropriados para certos temas estarão no momento em que esse tema for discutido".

Sobre a possibilidade de que os dois processos de negociação, o de Cuba, reaberto após a rejeição do acordo com as Farc no referendo do dia 2 de outubro, e o do Equador, terminem em um só, o presidente afirmou que há aspectos que podem confluir, como o da justiça transicional, que será aplicada quando terminar o conflito.

"O mais lógico seria que os dois processos concluam em apenas uma justiça transicional, não vamos negociar duas justiças transicionais. Então há certos aspectos onde é natural que confluam. Em outros aspectos, são duas guerrilhas diferentes com duas formas e temas diferentes", concluiu Santos.