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Presidente do Peru chama CPI da Lava Jato no país de "circo"

06/10/2017 21h34

Lima, 6 out (EFE).- O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, afirmou nesta sexta-feira que não receberá a comissão parlamentar que investiga o caso Lava Jato, o pagamento de propinas por empresas brasileiras a funcionários públicos e políticos no país por considerá-la um "circo".

Em entrevista concedida à emissora "RPP Noticias", Kuczunski disse ter tido uma "experiência ruim" na última vez que recebeu no Palácio do Governo uma comissão parlamentar.

"Fui alvo de uma série de insultos espantosos", afirmou o presidente, que responderá os questionamentos por escrito.

"Não vou submeter a Presidência da República a isso. Não tenho nenhuma obrigação de me reunir com eles. Temos várias opiniões de constitucionalistas muito reconhecidos que dizem que devo respondê-los por carta, que é que eu estou fazendo", destacou.

O presidente peruano indicou que as respostas às perguntas feitas pela comissão parlamentar já estão prontas, faltando apenas acertar detalhes com seus advogados. Kuczynski também reafirmou não ter nenhum envolvimento com as irregularidades.

A presidente da comissão parlamentar da Lava Jato, Rosa Bartra, da oposição a Kuczynski, disse hoje à imprensa local que não enviou nenhuma pergunta ao presidente.

"Só enviamos uma lista de temas pelos quais ele deve ser ouvido. Isso não permite respostas", disse Bartra.

A parlamentar considerou que a atitude de Kuczynski gera um confronto com o Congresso, dominado pela oposição fujimorista.

O interrogatório da comissão a Kuczynski focará na época em que o presidente era ministro da Economia, no governo do ex-presidente Alejandro Toledo, contra quem pesa uma ordem de captura internacional por ter recebido US$ 20 milhões da Odebrecht.

Os pagamentos teriam ocorrido para que a construtora brasileira vencesse a licitação da Estrada Interoceânica do Sul, um dos maiores projetos de infraestrutura da gestão de Toledo.