Milhares de austríacos protestam contra guinada ultradireitista do governo
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Viena neste sábado para denunciar o que consideram ser uma guinada ultranacionalista e de extrema direita da coalizão de governo formado pelo ÖVP (Partido Popular) e pelo eurocético e xenófobo FPO (Partido Liberal).
Os manifestantes, convocados pela Plataforma por uma Política de Asilo Humanitário e outros dois grupos de esquerda, acusa os dois partidos do governo de terem tendências ultradireitistas, especialmente devido à sua restritiva política de asilo e ao corte de direitos para os imigrantes.
"Não deixem os nazistas governar", é uma das mensagens mais exibidas e gritadas pelos manifestantes que participam do protesto; 20.000 segundo a polícia, um número que os organizadores elevam para 80.000, de acordo com a agência de notícias "APA".
Cerca de 1.300 policiais acompanharam a marcha dos manifestantes em direção à central Heldenplatz, no Hofburg, o antigo Palácio Imperial, que transcorre de forma muito ruidosa, mas sem incidentes.
O ÖVP, vencedor das eleições de outubro do ano passado, fechou no final de dezembro um pacto de governo com o FPÖ, um partido fundado por antigos nazistas após a II Guerra Mundial.
Dessa forma, rompeu a grande coalizão com os social-democratas que tinha governado nos últimos dez anos.
Os dois partidos do governo decidiram reduzir os subsídios aos solicitantes de asilo, se opõem à distribuição de refugiados aprovados pela União Europeia entre os sócios comunitários e pretendem adaptar as ajudas familiares recebidas pelos trabalhadores estrangeiros aos níveis de vida dos seus países de origem.
O FPÖ, que controla ministérios importantes como Relações Exteriores, Interior e Defesa, colocou em postos de alta responsabilidade membros de várias "Burschenschaften", confrarias estudantis de ideologia pangermanista e, em algumas ocasiões, vinculadas a círculos neonazistas.
A última polêmica foi provocada pelo ministro do Interior, Herbert Kickl, ao anunciar planos de manter os solicitantes de asilo "concentrados" em um local.
Ainda que o ministro tenha negado que quis provocar com o uso desse termo, a lembrança dos campos de concentração da época nazista gerou uma onda de protestos.
O próprio presidente austríaco, o progressista Alexander van der Bellen, emitiu um comunicado advertindo que não há lugar no discurso politico para expressões que "podem ser entendidas como alusões à época mais obscura" do país.
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