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R.Unido diz que pistas de caso Skirpal levam "inexoravelmente" à Rússia

21/03/2018 12h49

Londres, 21 mar (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, disse nesta quarta-feira que as provas do caso do ex-espião Sergei Skripal levaram "inexoravelmente" ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, cujo objetivo era enviar uma mensagem a possíveis desertores.

"Como vimos no assassinato do (antigo agente russo) Alexander Litvinenko, a pista da responsabilidade desses assassinatos e múltiplos assassinatos levaram inexoravelmente ao Kremlin", insistiu o ministro em um pronunciamento no Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Comuns.

Johnson falou do caso de Skripal, ex-espião duplo, e sua filha Yulia, que foram envenenados com um agente nervoso no último dia 4 em Salisbury, uma cidade do sul da Inglaterra.

Segundo Johnson, a Rússia esteve por trás dessa tentativa de assassinato no Reino Unido porque este é um país que acredita nos valores democráticos e no império da lei.

"O caminho, a rede de responsabilidades, parece apontar para o Estado russo e os que estão no poder", disse o titular da diplomacia britânica, ao lembrar que um agente nervoso do tipo Novichok, de fabricação russa, foi usado na ação.

"Primeiro de tudo, acredito que foi um sinal que o presidente Putin e o Estado russo queriam enviar para possíveis desertores de suas próprias agências, que isso é o que acontece se você decide apoiar um país com valores diferentes, como o nosso. Você pode esperar ser assassinado", explicou o responsável britânico.

O ministro disse que os assassinos mostraram desprezo pela vida humana, já que um policial britânico afetado pelo agente nervoso está hospitalizado e os Skripal seguem em estado crítico.

Johnson acrescentou que o ato criminoso também está relacionado com as últimas eleições russas, nas quais Putin venceu com mais de 70% de apoio do eleitorado.

"Como é comum em muitas figuras não democráticas quando enfrentam uma eleição ou um momento político crítico, costuma ser atrativo evocar no imaginário público a ideia de um inimigo", acrescentou o ministro.

"Isso é o que acredito que aconteceu, uma tentativa de agitar o eleitorado russo", disse Johnson ao comitê da Câmara.

O governo britânico expulsou 23 diplomatas russos pelo envenenamento de Skripal e sua filha.

O caso lembra o envenenamento em 2006 do ex-espião Alexander Litvinenko, que ingeriu uma substância radioativa (polônio-210) que tinha sido colocada em uma xícara de chá em um hotel em Londres, um assassinato que também foi vinculado ao estado russo.