Visita do papa gera protestos de vítimas de abusos nas ruas de Dublin
Dublin, 25 ago (EFE).- Vários grupos de vítimas dos abusos cometidos pelo clero na Irlanda organizaram protestos neste sábado em Dublin, na primeira jornada da viagem de dois dias que o papa Francisco faz a este país para participar do Encontro Mundial das Famílias.
Um desses atos ocorreu em frente ao Castelo de Dublin, onde o pontífice abordou, entre outras, a questão dos abusos diante de uma audiência de autoridades e membros do corpo diplomático, depois do discurso do primeiro-ministro irlandês, o democrata-cristão Leo Varadkar.
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O protesto foi organizado pela irlandesa Margaret McGuckin, sobrevivente dos abusos cometidos por religiosas no internato Casa de Nazaré e impulsora de um dos órgãos estatais de investigação de casos históricos de abusos.
"O papa tem agora que dar a cara e fazer algo pelas vítimas. Precisamos que sejam concedidas compensações, necessitamos que a Igreja se responsabilize", declarou McGuckin à imprensa.
Esse processo deve contemplar também ações para "levar aos tribunais" os "bispos, sacerdotes, freiras e qualquer outra pessoa" envolvida com "o abuso de menores ou na ocultação dos abusos", ressaltou a ativista.
Em sua opinião, as autoridades devem atuar com "tolerância zero" e impedir que a Igreja "investigue a si mesma".
Outro grupo de manifestantes desfraldou hoje bandeiras e cartazes de protesto na Dame Street, na rota pela qual o papamóvel percorrerá as ruas de Dublin diante de mais de 100.000 pessoas, segundo as previsões da polícia irlandesa.
Nesse coletivo estava o ativista britânico Peter Saunders, vítima de abusos e fundador da Associação Nacional de Pessoas que Sofreram Abusos na Infância (NAPAC, em sua sigla em inglês).
Saunders também fez parte da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, estabelecida por Francisco em 2014, mas a deixou diante da suposta falta de cooperação de alguns órgãos da cúria romana.
"Vim à Irlanda para oferecer aqui o meu apoio aos sobreviventes. Se (a Igreja Católica) fosse como qualquer outra organização, seu dirigente deveria fazer-se responsável para resolver um problema da sua companhia", declarou Saunders, ressaltando que os responsáveis devem responder diante da Justiça.
"As palavras são muito bonitas, mas queremos ver ações", concluiu.
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