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"Meus companheiros têm medo", diz desertor da guarda militar venezuelana

24.fev.2019 - Membro da Guarda Nacional Bolivariana deserta no Brasil e mostra sua identidade na fronteira com Pacaraima (Roraima) - Ricardo Moraes/Moraes
24.fev.2019 - Membro da Guarda Nacional Bolivariana deserta no Brasil e mostra sua identidade na fronteira com Pacaraima (Roraima) Imagem: Ricardo Moraes/Moraes

Em Pacaraima

24/02/2019 21h28

Um dos sargentos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que decidiu desertar na fronteira entre Brasil e Venezuela afirmou neste domingo que seus companheiros "têm medo", mas que ele disse basta porque não pode aceitar mais a "ditadura de Nicolás Maduro".

Jorge Luis González Romero desertou na noite do sábado junto com seu companheiro, Jean Carlos César Parra, também sargento da GNB, depois de participar dos incidentes entre forças venezuelanas e manifestantes antichavistas após a fracassada tentativa de entrar com ajuda humanitária no país caribenho.

"Não é fácil tomar essa decisão. Os meus companheiros têm medo. Nós também temos medo. Falta coragem. É preciso ter coragem. Deixamos nossa família. Nossos filhos estão em casa", disse Romero em entrevista coletiva em solo brasileiro, na cidade de Pacaraima.

Desertores - Ricardo Moraes/Moraes - Ricardo Moraes/Moraes
Jean Carlos Cesar Parra, Carlos Eduardo Zapata e Jorge Luis Gonzalez Romero desertaram da Guarda Nacional Bolivariana, da Venezuela
Imagem: Ricardo Moraes/Moraes

Parra concordou ao destacar que não há uma deserção em massa porque os militares temem ser perseguidos pelas forças leais ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Ambos estão sendo tratados como refugiados no Brasil e estão hospedados em um centro de abrigo da denominada "Operação Acolhida", iniciativa do Governo brasileiro para acolher os venezuelanos que fogem da crise econômica, social e política sofrida por seu país.

"Já não podemos aceitar mais a ditadura de Nicolás Maduro. Nos cansamos disso. Temos consciência da necessidade do povo da Venezuela e estamos dispostos a ajudar os companheiros que estão do outro lado para que venham aqui", declarou Romero.

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Um terceiro agente desertor chegou neste domingo a território brasileiro, Carlos Eduardo Zapata, que disse "estar cansado de ver" seu povo "sofrer" e fez um apelo aos demais companheiros para que deixem de servir ao Governo de Maduro.

Romero ressaltou, além disso, que não querem apoiar o que está acontecendo na Venezuela, com "crianças passando fome e doentes".

"Como venezuelano me desespera. Sou patriota. Sou a favor da ajuda humanitária, e queria que a ajuda tivesse entrado ontem", acrescentou o desertor.