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EUA denunciam caráter "autoritário" do governo de Ortega na Nicarágua

13/03/2019 15h17

Washington, 13 mar (EFE).- Os Estados Unidos denunciaram nesta quarta-feira em seu relatório anual sobre direitos humanos o caráter autoritário do governo da Nicarágua e acusou o presidente Daniel Ortega de "exercer controle total" sobre todos os ramos do Estado e de agir com mão de ferro contra os que protestam "pacificamente".

"Na Nicarágua, quando os cidadãos protestaram pacificamente por seus benefícios da previdência social, se depararam com disparos de franco-atiradores. Os críticos do governo enfrentaram uma política de exílio, prisão e morte", denunciou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante a apresentação do relatório.

O documento afirma que Ortega e sua esposa, Rosario Murillo, "dominam" um sistema político "altamente centralizado e autoritário".

"O partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) de Ortega exerce controle total sobre os ramos executivo, legislativo e judiciário, assim como sobre as atividades eleitorais, apesar de o país oficialmente ostentar um status de república constitucional multipartidária", diz o texto.

O relatório contém os fatos do levantamento popular que começou em abril do ano passado e que concluiu com a morte de centenas de pessoas, a maioria delas por grupos paramilitares favoráveis ao governo.

Washington acusa esses grupos de realizarem detenções "arbitrárias" de manifestantes, que eram retidos em "instalações improvisadas" e não tinham permissão para manter contato com suas famílias e advogados.

"Essas detenções duravam geralmente entre duas semanas e um mês. Membros da Polícia Nacional e autoridades penitenciárias negavam com frequência que os detidos estavam sob sua custódia. Outros detidos acabavam sendo encontrados mortos no necrotério e nas ruas da cidade", segundo o Departamento de Estado do EUA.

Longe de agir para "evitar, investigar ou punir" esses atos o governo da Nicarágua iniciou uma "campanha de desinformação", diz o relatório.

Além disso, os EUA consideram provado que várias ONGs foram alvo de uma perseguição política que retirou "seu status legal" e de seus ativos, impedindo assim a realização de suas atividades.

A Nicarágua vive uma grave crise que deixou 325 mortos desde abril do ano passado, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Algumas associações humanitárias locais, no entanto, elevam para 561 as vítimas mortais, enquanto o governo só reconhece 199 e denuncia uma tentativa de golpe de Estado. EFE