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EUA estimulam corrida armamentista pior que na Guerra Fria, diz Rússia

20.mar.2019 - O ministro de relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov durante a Conferência de Desarmamento em Genebra, na Suíça - Denis Balibouse/Reuters
20.mar.2019 - O ministro de relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov durante a Conferência de Desarmamento em Genebra, na Suíça Imagem: Denis Balibouse/Reuters

20/03/2019 10h05

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou hoje que a saída recente dos Estados Unidos do tratado de proliferação de mísseis INF e outras ações de Washington levam a uma corrida armamentista com piores consequências que na época da Guerra Fria.

Essas ações "supõem um retrocesso de 30 anos no desarmamento balístico e nuclear" com "consequências imprevisíveis, ao contrário dos anos 1950 e 1970, quando duas superpotências estavam envolvidas nos arsenais", afirmou Lavrov em seu discurso na Conferência de Desarmamento em Genebra.

"A nova corrida armamentista será agora provocada por muitos outros Estados que não têm outra alternativa além de dotar-se de capacidade nuclear e balística como único meio efetivo de garantir sua segurança nacional", acrescentou o ministro russo.

Na atualidade, "dezenas de países têm tecnologia e indústria avançadas o suficiente para fazer isso", afirmou Lavrov, que não só criticou a atitude dos Estados Unidos, mas a "indiferença e falta de responsabilidade" de seus aliados ocidentais e na Otan.

Lavrov discursou hoje na conferência da qual os Estados Unidos assumiram ontem a presidência rotativa com um duro discurso da subsecretária de Estado para Controle de Armamentos, Yleem Poblete, que acusou Moscou de "ações agressivas e desacato" que "abalaram a arquitetura de segurança europeia".

O chefe da diplomacia russa afirmou que as palavras de Poblete minaram sua confiança de que a Conferência de Desarmamento possa superar a crise, mas disse confiar que "os colegas ocidentais vão avaliar adequadamente a situação e estabelecer suas prioridades".

Lavrov também garantiu que os EUA e o Ocidente "tampam seus ouvidos" para as propostas da Rússia de aumentar o controle de armamento, por exemplo no espaço extraterrestre, uma iniciativa que o governo russo defende junto com a China.

Ao invés de atender a essas propostas, "ouvimos falar de novos testes nucleares, sistemas de combate de força no espaço extraterrestre e, inclusive, a possibilidade de um conflito nuclear limitado", lamentou Lavrov.

"Essa perspectiva é inaceitável para a Rússia, mas poderia se transformar em uma realidade se não trabalharmos juntos para identificar alternativas razoáveis à desestabilização do ambiente internacional", frisou o ministro russo.

Os Estados Unidos confirmaram no princípio de fevereiro a suspensão do tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio e curto alcances (INF) assinado por Moscou e Washington há 30 anos, alegando o descumprimento do mesmo por parte da Rússia, que respondeu da mesma maneira depois.

O acordo proibia os dois países signatários de fabricar, posicionar ou realizar testes de mísseis de curto alcance (500-1.000 quilômetros) e de médio alcance (1.000-5.500 quilômetros), mas, segundo os EUA, um novo armamento desenvolvido pela Rússia, o 9M729, violava este acordo ao poder ser utilizado nessas distâncias. EFE