Em busca da reeleição, Poroshenko vende papel de "salvador da pátria"
Ignacio Ortega.
Kiev, 29 mar (EFE).- O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, busca a reeleição depois de cinco anos nos quais teve que lidar com a perda da península da Crimeia, um conflito no leste do país, crescentes tensões com a Rússia, uma economia à beira do colapso e um população cada vez mais descontente com sua gestão.
"Há muitos candidatos, mas apenas um presidente" é o lema da campanha eleitoral de Poroshenko, que chegou ao poder por uma revolução que desbancou um então governo pró-Rússia, mas que perdeu grande parte da credibilidade porque a cada dia a qualidade de vida dos ucranianos piora.
Poroshenko financiou do próprio bolso as duas revoluções populares que o país teve desde a independência (em 2004 e 2014) e cujo objetivo primordial era se libertar de uma vez por todas da asfixiante dependência da Rússia.
O atual presidente chegou ao poder logo depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia e instigou uma revolução armada no leste do país. Por isso, seu mandato já começou em torno de um estado de guerra que limitou sua capacidade de manobra.
Diante da ameaça latente de divisão do país no leste pró-Rússia e no oeste nacionalista, Poroshenko teve muitas vezes que deixar o terno em casa, vestir o uniforme de comandante-em-chefe e vender o papel de "salvador da pátria" para evitar a desintegração do país.
"Exército, língua e fé" foram os pilares que guiaram sua gestão nos últimos cinco anos.
Uma vez assinados os Acordos de Paz de Minsk, em fevereiro de 2015, Poroshenko dedicou grandes esforços a recuperar a moral de um Exército que tinha perdido a guerra, nem tanto devido à capacidade das milícias separatistas, mas principalmente devido aos reforços chegados da Rússia.
Para isso, Poroshenko buscou apoio nos Estados Unidos e na Otan, sendo recebido em várias ocasiões em Bruxelas e Washington, mas não obteve armamento para fazer frente ao movimento separatista das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.
O incidente naval ocorrido em novembro do ano passado nos mares Negro e de Azov revelou tanto a fragilidade da defesa nacional como a vontade do Kremlin de punir qualquer movimento em falso de Kiev.
O maior sucesso de Poroshenko nos últimos cinco anos foi a criação de uma Igreja Ortodoxa independente após mais de 300 anos de subordinação ao Patriarcado de Moscou.
Se o presidente ucraniano não conseguiu romper os laços com Moscou nos outros campos, no plano religioso desferiu um golpe quase mortal à Igreja Ortodoxa Russa, uma grande aliada do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Dada a importância da fé neste país, o advento da nova igreja ortodoxa é um passo crucial para a libertação definitiva da Ucrânia do jugo russo.
Outra aposta de Poroshenko é solicitar a entrada na União Europeia em 2023, ou seja, logo antes da conclusão do próximo mandato presidencial, um objetivo que a maioria dos analistas considera utópica.
Contudo, viver como os europeus continua sendo um lema muito atrativo para a maioria de ucranianos, devido à queda de receita nos últimos anos.
A má situação econômica pode tirar votos de Poroshenko, mas o que realmente pode levá-lo a uma derrota é a latente corrupção e sua descumprida promessa de vender quase todos seus ativos assim que assumisse a presidência. EFE
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