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Araújo diz que Brasil manterá pressão para que militares abandonem Maduro

Jair Bolsonaro e o ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo - Sergio Lima/AFP
Jair Bolsonaro e o ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo Imagem: Sergio Lima/AFP

Marcelo Nagy

09/05/2019 17h49

O Brasil manterá a pressão para que os militares venezuelanos facilitem a queda de Nicolás Maduro na Venezuela e passem a apoiar o líder da oposição, Juan Guaidó, afirmou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em entrevista à Agência Efe na Hungria.

"Tudo é válido (quando se trata de pressão) e tudo converge no sentido que a comunidade internacional não vai voltar atrás. Aconteça o que acontecer, não vamos dizer 'bom, não aconteceu", declarou.

"Continuaremos fazendo muita pressão diplomática, tentando, por exemplo, colocar representantes de Guaidó, e não de Maduro, em organizações internacionais", complementou Araújo.

O chanceler reconheceu que há diferentes posturas entre os países contrários a Maduro sobre o que fazer para conseguir tirar o chavismo do poder. No entanto, ele destacou o fato de Guaidó ser reconhecido como presidente interino por mais de 50 governos e de ter representantes no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Parte da estratégia do Brasil, explicou o ministro, é adotar uma "pressão permanente" para que os militares venezuelanos sintam que "podem fazer uma opção pelo governo que consideramos legítimo".

Araújo destacou que conhece pessoalmente Guaidó e disse admirar o trabalho realizado pelo líder opositor na Venezuela, ressaltando a capacidade do deputado em mobilizar o povo do país em condições tão adversas.

"Nossa ideia geral é de que Guaidó é o presidente encarregado legítimo. Tem que ser parte de uma solução (para a crise do país", defendeu.

O chanceler está na Hungria como parte de uma excursão pela Europa. Ontem, na Itália, Araújo foi recebido pelo ministro do Interior, o ultranacionalista Matteo Salvini. A viagem terminará na Polônia.

Perguntado sobre a escolha dos três países, o chanceler afirmou que a visita se deve à "afinidade" que eles têm com o governo Jair Bolsonaro.

"São três países com os quais temos agendas políticas e econômicas muito importantes, governos com os quais compartilhamos uma afinidade em nível de concepção de mundo", disse Araújo, em referência à orientação nacionalista e direitista mútua.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi o único líder de um país que faz parte da União Europeia (UE) que participou da posse de Bolsonaro em janeiro deste ano.

Segundo o chanceler, que se reuniu hoje com o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, essa visão comum seria a de uma "democracia autêntica", na qual o povo se mobiliza para defender seus valores de uma maneira mais direta, não através de um filtro de opinião controlado pela imprensa e baseado - segundo ele e em alusão ao pensamento de esquerda - a uma "visão predominante nos círculos intelectuais".

Indiretamente, o ministro admitiu que essa afinidade não se estende a muitos outros países, mas ressaltou que isso não impede que o Brasil não tenha boas relações com outros governos.

Araújo citou como exemplo a "excelente interação" que teve com o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, que visitou Brasília na semana passada.

"Compartilhar uma orientação abre uma possibilidade de construir mais, nos oferece um campo muito promissor para trabalhar", disse.

Para o chanceler, o Ocidente está observando a "recuperação de uma soberania popular e de uma ideia de nação, de filiação a uma nação e de construir uma sociedade economicamente efetiva, mas com bases nas identidades fortes".

O ministro também revelou que está planejando com Szijjárt uma visita de Bolsonaro à Hungria, em data que ainda será definida.