Sanções dos EUA deixam população iraniana à beira da pobreza
As sanções dos Estados Unidos deixaram à beira da pobreza a população do Irã, que, desde a saída de Washington do acordo nuclear de 2015, é a principal vítima da grave crise econômica que o país atravessa.
Diariamente, são tangíveis os prejuízos econômicos na vida dos iranianos, que, em princípio, tiveram que reduzir as atividades de lazer até o ponto em que hoje a máxima preocupação é chegar até o fim do mês e conseguir comprar os produtos alimentícios básicos.
A situação econômica começou a piorar há um ano, quando o presidente americano, Donald Trump, anunciou que os Estados Unidos estavam deixando o acordo nuclear firmado em 2015 entre o Irã e o Grupo 5+1 (formado por EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, mais a Alemanha) e voltando a impor sanções sobre a República Islâmica.
A primeira prejudicada foi a moeda nacional, o rial, que sofreu forte desvalorização frente ao dólar, passando de US$ 1 por 40 mil riales até superar atualmente os 150 mil riales.
O diretor do grupo iraniano para o desenvolvimento do comércio internacional Syndej, Hassan Tayik, explicou para a Agência Efe que as sanções, aplicadas em agosto e novembro do ano passado, tiveram um impacto "muito direto e forte" no Irã.
"Um dos principais problemas é a redução da capacidade de compra e financeira das pessoas, que levou a população à beira da pobreza", lamentou Tayik.
O diretor do Syndej também assinalou que "a falta de uma gestão correta por parte dos responsáveis" iranianos aprofundou os efeitos negativos das sanções.
Essa gestão deficiente fez com que o país aceitasse "qualquer proposta ou acordo, seja venda ilegal ou interações muito injustas nas exportações petrolíferas e de produtos petroquímicos", acrescentou o empresário, que prevê um agravamento da situação no futuro.
As sanções americanas afetam, entre outros, o setor bancário e de petróleo, o "calcanhar de Aquiles" do Irã, cuja economia depende em boa parte das exportações de hidrocarbonetos.
De fato, a tensão aumentou desde que os EUA decidiram não renovar as isenções para a compra de petróleo iraniano concedidas a oito países com o objetivo de pressionar ainda mais a república dos aiatolás.
Em resposta às pressões, o presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou ontem que o país reduzirá seus compromissos no acordo nuclear e dá um prazo de 60 dias para os outros signatários do pacto - Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha - para que resolvam as atuais restrições à venda de petróleo e ao sistema bancário.
Pouco depois, Trump voltou a atacar e anunciou a imposição de novas sanções, desta vez aos setores de ferro, aço, alumínio e cobre do Irã, que segundo a Casa Branca representam 10% das exportações do país.
No meio deste "vai e vem" com a comunidade internacional, a população iraniana sofre as consequências das sanções.
O Grande Bazar de Teerã, reconhecido como o coração da economia do país, está em colapso, com algumas lojas fechadas e outras no vermelho.
Hossein, um comerciante de roupas infantis do bazar, explicou à Efe que, desde que começaram as sanções, o nível das vendas caiu e, apenas nos últimos três meses, a redução foi da ordem de 60%.
"As pessoas apenas vêm e olham, não compram porque não têm dinheiro e nós nem insistimos que comprem, porque entendemos que não têm capacidade econômica", comentou o comerciante.
Vários cidadãos consultados pela Efe confirmaram que reduziram consideravelmente as compras de frango e que a carne bovina e de cordeiro desapareceu de suas mesas.
O preço de todos os alimentos subiu absurdamente e a inflação é, em algumas ocasiões, diária, enquanto alguns produtos essenciais, inclusive remédios, estão escassos no mercado devido às restrições às importações causadas pelas sanções.
A escassez ocasional de bens também se deve à corrupção interna, ao acúmulo de mercadorias em grandes quantidades nos estoques que alguns empresários e comerciantes fazem para que os preços aumentem.
Por isso, os problemas econômicos geraram grande desconfiança na população, que, diante de qualquer rumor sobre o aumento do preço de algum produto, vai rapidamente ao comércio para adquiri-lo.
Na semana passada, por exemplo, longas filas se formaram nos postos de gasolina depois que alguns meios de comunicação locais informaram que o litro de gasolina iria aumentar de 10 mil para 25 mil riales.
Apesar de a informação ter sido desmentida, as filas duraram vários dias já que, como disse à Efe um dos que aguardavam para reabastecer, "as autoridades mentem, se dizem que não vai subir, isto significa que vai subir".
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