Horacio Cartes retira apoio a impeachment de Abdo Benítez
Assunção, 1 ago (EFE).- O movimento Honra Colorada, ala do governante Partido Colorado liderada pelo ex-presidente paraguaio Horacio Cartes, anunciou nesta quinta-feira que deixou de apoiar o processo de impeachment promovido contra o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, após a anulação do polêmico acordo com o Brasil que provocou uma crise governamental.
O presidente do partido, Pedro Alliana, disse pelo Twitter que esse movimento, que na última noite apoiou a abertura do processo impeachment, mudou de postura depois da anulação da ata bilateral sobre compra de energia da represa de Itaipu assinada por Paraguai e Brasil.
Com isso, caem as chances de impeachment para Abdo Benítez, como propõe a oposição, liderada pelo Partido Liberal e pela esquerdista Frente Guasú.
Essa iniciativa foi apoiada pelo Honra Colorada na segunda-feira, após uma reunião na residência de Cartes, que está em embate político com Abdo Benítez.
Ao fazer o anúncio, Alliana não mencionou o vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez, para o qual também é pedido um processo de impeachment.
O posicionamento de Alliana é divulgado horas depois que representantes de ambos os países anularam o acordo e um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro declarar que estava disposto a ajudar Abdo Benítez na crise.
O novo documento destaca que as partes contratantes no controle da represa de Itaipu decidiram delegar às instâncias técnicas a definição do cronograma de potência a ser contratada pela estatal paraguaia Ande e pela Eletrobras pelo período 2019-2022.
A crise política que abala o governo explodiu na semana passada após o anúncio da assinatura do primeiro acordo, que afeta os níveis de faturamento da estatal elétrica do Paraguai, segundo a oposição.
Além disso, a oposição denunciou seu caráter secreto, já que o acordo havia sido assinado no último dia 24 de maio, e o rotulou de "entregista" por considerar que o pacto era prejudicial aos interesses do Paraguai.
A tensão aumentou na quarta-feira, após as informações de que um suposto assessor de Velázquez teria influenciado para que as negociações desse acordo excluíssem um ponto que permitiria à estatal elétrica paraguaia vender energia a empresas brasileiras a partir da hidrelétrica de Itaipu.
A pressão da oposição provocou uma onda de demissões na segunda-feira, entre elas as do chanceler Alberto Castiglioni e dos diretores do lado paraguaio de Itaipu e do presidente da estatal elétrica Ande. EFE
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