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Secretário-geral da ONU vê risco de "fratura" com divisão entre EUA e China

O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York - Carlo Allegri/Reuters
O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York Imagem: Carlo Allegri/Reuters

24/09/2019 11h17Atualizada em 24/09/2019 12h01

O secretário-geral das ONU, António Guterres, afirmou nesta terça-feira que existe um risco de uma grande divisão no mundo, com um bloco liderado pelos Estados Unidos e outro encabeçado pela China.

"Temos que fazer tudo o que for possível para evitar a grande fratura e manter um sistema universal, uma economia universal com respeito ao direito interacional, um mundo multilateral com instituições multilaterais fortes", disse o diplomata português na abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Golfo

No discurso, Guterres também pediu moderação ao declarar que o mundo "não pode permitir" uma guerra no Golfo Pérsico.

"Encaramos a alarmante possibilidade de um conflito armado no Golfo, cujas consequências o mundo não pode permitir", afirmou Guterres no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU.

O diplomata português classificou como "totalmente inaceitável" o recente ataque contra refinarias sauditas, mas alertou que qualquer "pequeno erro de cálculo pode levar a um grande confronto".

"Devemos fazer todo o possível para impulsionar a razão e a moderação", ressaltou Guterres diante dos chefes de Estado e de governo.

O secretário-geral das Nações Unidas disse acreditar em um futuro no qual os países da região possam conviver com respeito mútuo e cooperação, "sem interferências nos assuntos dos outros".

Além disso, Guterres afirmou ter a esperança de que o acordo nuclear com o Irã, do qual os Estados Unidos se retiraram, possa ser preservado.

A tensão entre EUA e Irã chega como um dos principais assuntos à Assembleia Geral da ONU, que conta com as presenças do presidente americano, Donald Trump, e do iraniano, Hassan Rohani.

Guterres também mencionou outras crises atuais, como a incerteza na península coreana, e respaldou a ideia de uma nova cúpula entre Trump e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

Outros assuntos citados foram a situação na Venezuela, para destacar o êxodo de quatro milhões de pessoas como "um dos maiores deslocamentos do mundo"; as tensões entre Índia e Paquistão; e as guerras em andamento no Iêmen, na Líbia e no Afeganistão.

Imigração

Guterres também apontou que os líderes mundiais devem se posicionar sobre deve ser de garantia de direitos e tratamento digno a imigrantes. "Todos devem ter os direitos humanos respeitados", disse o diplomata português.

Guterres, que não citou qualquer país, lamentou o fechamento de portos e defendeu um reforço na cooperação internacional, para garantir um processo mais seguro e ordenado, além de combater as redes criminosas de tráfico de pessoas.

"Em um momento em que há números recorde de refugiados e deslocados internos em movimento, a solidariedade desaparece", lamentou.

O português classificou como crueldade a separação de famílias e o ataque ao direito de asilo.

"Temos que restabelecer a integridade do regime internacional de proteção de refugiados e cumprir com as promessas de divisão de responsabilidades, incluída no Pacto Global pelos Refugiados", afirmou.

O secretário-geral das Nações Unidas ainda se posicionou contra o uso político de alguns líderes, que se aproveitam da desconfiança da população e alimentam os temores.

"Aos que insistem na opressão ou na divisão, eu digo: a diversidade é uma riqueza, nunca uma ameaça", garantiu.

No discurso, Guterres também abordou a situação das mulheres, defendendo a igualdade de gênero e cobrando a proteção de direitos.

"É uma questão de poder, e o poder segue de forma arrasadora com os homens", concluiu o diplomata português.