Príncipe herdeiro saudita assume responsabilidade por morte de jornalista por ter sido em seu "mandato"
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, assumiu a responsabilidade do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, ocorrido no dia 2 de outubro do ano passado no consulado do seu país em Istambul, na Turquia, já que ocorreu sob seu "mandato", embora sem seu conhecimento.
Em uma prévia de um documentário do programa "Frontline" da rede de televisão pública dos Estados Unidos (PBS), o príncipe herdeiro é citado pela emissora dizendo: "Ocorreu durante o meu mandato".
"Eu assumo total responsabilidade, pois aconteceu durante o meu mandato", disse Bin Salman, em um testemunho realizado em dezembro do ano passado durante uma atividade esportiva depois que a Arábia Saudita já havia admitido o assassinato do jornalista saudita e acusado 11 pessoas.
No entanto, quando perguntado como isso poderia acontecer sem que ele soubesse, Bin Salman respondeu - sempre de acordo com o programa: "Somos 20 milhões de pessoas. Temos três milhões de funcionários do governo".
"Temos funcionários, ministros para acompanhar as questões e eles são responsáveis. Eles têm autoridade para fazer isso", acrescentou, ao ser questionado se esses funcionários públicos podem pegar um avião por conta própria.
De acordo com as investigações, 15 pessoas estariam envolvidas no assassinato de Khashoggi e o posterior desmembramento e desaparecimento de seu corpo antes de fugir de Istambul com aviões do governo saudita.
A relatora das Nações Unidas para execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, disse em um relatório divulgado no mês de junho que o Estado saudita "deve ser responsabilizado" pelo assassinato e apontou para "evidências credíveis" que ligam Bin Salman à morte de Khashoggi.
O príncipe Bin Salman, 34 anos, ocupa oficialmente o cargo de vice-primeiro-ministro da Arábia Saudita, e desde 2017 ele é o aparente herdeiro do trono saudita que desde 2015 ostenta seu pai, o rei Salman bin Abdulaziz.
Nos dias posteriores ao seu desaparecimento, Riad negou qualquer relação com o assassinato, embora três semanas depois, quando as evidências apareciam, confessou que Khashoggi tinha morrido durante uma briga acidental.
Finalmente, o governo saudita admitiu que o assassinato de Khashoggi foi premeditado, mas negou qualquer ligação entre os autores e a família real.
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