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Senador republicano diz que escravidão nos EUA 'foi um mal necessário'

Tom Cotton apresentou na semana passada um projeto de lei para impedir o uso de fundos federais na reinterpretação da história dos EUA nas escolas - Getty Images
Tom Cotton apresentou na semana passada um projeto de lei para impedir o uso de fundos federais na reinterpretação da história dos EUA nas escolas Imagem: Getty Images

Da EFE, em Washington

27/07/2020 15h15Atualizada em 27/07/2020 15h48

O senador republicano Tom Cotton, do estado de Arkansas (EUA), que apresentou na semana passada um projeto de lei para impedir o uso de fundos federais na reinterpretação da história dos Estados Unidos nas escolas, deu uma declaração polêmica à imprensa local, ao afirmar que a escravidão foi um mal necessário para a construção dos Estados Unidos.

"Precisamos estudar a história da escravidão e seu papel e impacto no desenvolvimento de nosso país, porque, caso contrário, não entenderemos nosso país", disse Cotton, em entrevista ao jornal "Arkansas Democrat-Gazette".

"Como dizem nossos heróis, a escravidão era um mal necessário sobre o qual a união foi construída, mas a união foi construída de tal maneira, como disse o presidente Abraham Lincoln, que colocou a escravidão no caminho de sua extinção final", acrescentou.

Cotton apresentou sua iniciativa no Senado na última quinta-feira em reação a um currículo escolar oferecido pelo jornal "The New York Times" que enfatiza o estudo da escravidão e não o processo que levou à independência dos EUA.

Embora o ano de 1776, quando a independência foi declarada, seja considerado o nascimento oficial da nação, o Projeto 1619 preparado pelo "NYT" aponta como origem do país a chegada dos primeiros escravos africanos à colônia britânica na Virgínia.

O projeto, liderado por Nikole Hannah-Jones e agraciado com o Prêmio Pulitzer, argumenta que "chegou a hora de contar com sinceridade a nossa história, colocando as consequências da escravidão e as contribuições dos afro-americanos no centro da narrativa nacional".

"O projeto 1619 é propaganda de esquerda", disse Cotton ao jornal, "é o revisionismo histórico na pior das hipóteses".

Se a lei de Cotton, intitulada "Vamos salvar a história americana", for aprovada pelo Congresso e promulgada pelo presidente Donald Trump, os distritos escolares que adotarem o Projeto 1619 poderiam enfrentar consequências financeiras com cortes na ajuda federal.

O jornal de Arkansas citou uma declaração do porta-voz do "Times", Jordan Cohen, dizendo que o projeto "é sustentado, em parte, por décadas de estudos acadêmicos recentes liderados por ilustres historiadores desde os primeiros dias do país".

Esses estudos, de acordo com Cohen, "expandiram profundamente nossa compreensão do período colonial e revolucionário, e grande parte dessa pesquisa acadêmica se concentrou no papel central que a escravidão desempenhou na fundação do país".

Cotton disse ao jornal que seu projeto impediria que os distritos escolares que adotam o Projeto 1619 acessassem fundos federais para desenvolvimento profissional, ou seja, a educação adicional para os professores.

"Não seria muito dinheiro", reconheceu Cotton, "mas mesmo cada centavo é demais para o Projeto 1619 entrar nas nossas escolas públicas. O 'New York Times' não deveria ensinar história americana a nossos filhos", acrescentou.