Fronteira com Brasil é foco das atenções do Uruguai na luta contra covid-19
O Uruguai, considerado exemplo no mundo na contenção do novo coronavírus, está voltando as atenções para a fronteira seca com o Brasil, considerado atualmente o maior desafio para impedir o avanço da covid-19 no território.
Leonardo Cipriani, presidente da Administração dos Serviços de Saúde do Estado (ASSE), órgão vinculado ao Ministério da Saúde do país, se reuniu hoje com autoridades da cidade de Rivera, que faz divisa com Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.
O aumento de casos e o risco de propagação para além do município, fez com que todas as pessoas hospitalizadas em Rivera passassem a ser submetidas a teste PCR de diagnóstico do novo coronavírus, assim como acontecia no início da pandemia.
"O fluxo de pessoas que chega e a nossa população que vai para lá, não se controla, porque somos uma mesma cidade", explicou a prefeita de Rivera, Alma Galup, sobre a circulação com Santana do Livramento.
Nos últimos dias, o governo local tenta convencer os habitantes do município uruguaio a não cruzarem a fronteira com o Brasil, já que não há autoridade para decretar uma proibição.
Em todo o Uruguai, de acordo com boletim apresentado ontem, são 223 casos ativos de infecção pelo novo coronavírus, sendo 36 deles em Rivera. Ao todo, desde o início da pandemia, o país registrou 1.506 positivos em testes de diagnósticos, e 41 mortes em decorrência da covid-19.
Meses atrás, o primeiro surto na cidade foi proveniente de Santa do Livramento. A preocupação na região é tanta, que o governo uruguaio decidiu montar um laboratório de testes PCR com capacidade para colher 300 amostras diárias, para facilitar a identificação de casos.
"O que vejo, é que isso está um pouco mais controlado, mas lentamente. Quando foi registrado o surto anterior, foi uma explosão, porque se concentrou em uma reunião religiosa e houve uma contaminação muito grande", explicou Galup.
A prefeita completou que, atualmente, a propagação na região é considerada comunitária, mas que todas as marcas de origem do patógeno são de Santana do Livramento.
Há quase um mês, o embaixador do Brasil em Montevidéu, Antonio José Ferreira Simões, e dois ministros uruguaios assinaram um acordo que criou uma Comissão Técnica Binacional para evitar a propagação do novo coronavírus nas cidades da fronteira seca entre os países.
Essa aliança pode fazer, inclusive, com que sejam realizados testes em massa também em Santana do Livramento, para que o controle na fronteira passe a ser mais efetivo.
O órgão binacional foi criado em 24 de junho, após encontro entre Ferreira Simões e os ministros uruguaios da Saúde Pública, Daniel Salinas, e de Relações Exteriores, Francisco Bustillo.
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