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Presidente de Cuba diz que detidos em protestos serão julgados sem abusos

Líder atribuiu os problemas de escassez de alimentos e medicamentos em Cuba ao embargo imposto pelos Estados Unidos - Alejandro Ernesto/AFP
Líder atribuiu os problemas de escassez de alimentos e medicamentos em Cuba ao embargo imposto pelos Estados Unidos Imagem: Alejandro Ernesto/AFP

Em Havana

15/07/2021 01h48

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, prometeu ontem que as pessoas presas nos protestos contra o governo no último domingo terão direito a julgamento correto.

Em discurso na emissora de televisão estatal, o chefe de Estado afirmou que nas manifestações foram cometidos atos que violam a Constituição e justificaram a ação policial, mas admitiu ser necessário pedir desculpas àqueles que no meio da confusão foram "maltratados injustamente".

Os protestos deixaram inúmeros detidos, dos quais não há números oficial. Entretanto, organizações e listas internacionais que circulam nas redes sociais colocam o número na casa das centenas.

Também circularam vídeos na internet mostrando cenas de violência policial e para-policial, apesar de o governo negar que a repressão tenha sido exercida sobre os manifestantes.

Os representantes do Ministério do Interior e da Procuradoria Geral da República devem conceder entrevista pela primeira vez em um programa especial de televisão nesta noite para fornecer dados sobre as prisões e as ações das forças de segurança, criticadas como desproporcionais por ativistas, organizações internacionais e governos como o dos Estados Unidos.

"Sem a resposta das forças da lei e da ordem, a violência teria prevalecido", justificou Díaz-Canel, que no domingo convocou apoiadores a confrontarem os manifestantes. "A população tem direito a defender os preceitos constitucionais. Nossa sociedade não conhece o ódio", argumentou.

O presidente de Cuba dividiu em quatro categorias aqueles que participaram dos protestos: "anexadores que participam de um plano estrangeiro e pensam nos desígnios do império", "delinquentes", "pessoas legitimamente insatisfeitas que se confundiram" e "jovens".

Mais uma vez, o líder atribuiu os problemas de escassez de alimentos e medicamentos em Cuba ao embargo imposto pelos Estados Unidos e reclamou de uma possível intensificação das sanções.

"O bloqueio excede tudo o que queremos fazer e que às vezes causa sentimentos de insatisfação e prejudica a esperança e as aspirações de nosso povo", encerrou Díaz-Canel, em pronunciamento no qual teve a companhia do primeiro-ministro, Manuel Marrero, e do ministro da Economia, Alejandro Gil.