Eleições presidenciais na Rússia

Kremlin tenta seduzir oposição após vitória de Putin na Rússia

Timothy Heritage e Alexei Anishchuk. em Moscou

(Reuters) - O Kremlin, sede do governo russo, estendeu nesta segunda-feira um ramo de oliveira à oposição, antes que manifestantes tomem as ruas para contestar a vitória de Vladimir Putin em uma eleição presidencial que eles consideraram como uma "declaração de guerra".

Putin celebrou sua vitória no domingo dizendo a dezenas de milhares de simpatizantes, perto do Kremlin, que seu triunfo salvou a Rússia de ter o poder usurpado por inimigos.

Atualmente primeiro-ministro, Putin volta agora ao cargo que ocupou entre 2000 e 2008, quando cedeu o cargo ao seu afilhado político Dmitri Medvedev. Durante o discurso, seus olhos ficaram marejados quando ele citou os manifestantes contrários aos seus 12 anos de hegemonia política no país.

Putin teve mais de 63 por cento dos votos, mas seus adversários apontaram fraudes generalizadas e convocaram uma grande manifestação para a noite de segunda-feira no centro de Moscou.

"Ele está forçando as coisas até o ponto de quebra. Ele está declarando guerra contra nós", disse o jornalista Sergei Parkhomenko, um dos organizadores do protesto.

Em dezembro, suspeitas de fraude numa eleição parlamentar já haviam motivado a maior onda de manifestações contra Putin.

Tentando esvaziar um novo movimento da oposição, Medvedev, que fica no cargo até maio, pediu ao procurador-geral russo que avalie a legalidade de 32 processos penais, inclusive o que levou à prisão do ex-magnata petroleiro Mikhail Khodorkovsky, acusado de fraude e evasão fiscal.

Críticos dizem que Khodorkovsky, outrora o homem mais rico da Rússia, sofreu perseguições por ter tentado se contrapor politicamente a Putin.

O Kremlin informou também que Medvedev determinou ao ministro da Justiça que explique a recusa das autoridades em registrar o partido liberal Parnas, que acabou de fora da eleição.

A ordem aconteceu depois de uma reunião, no mês passado, em que líderes da oposição entregaram ao presidente uma lista de supostos presos políticos e exigiram reformas.

O dirigente comunista Gennady Zyuganov disse à agência de notícias Interfax que as iniciativas do governo "têm apenas um objetivo: pelo menos reduzir de alguma maneira a escala da perplexidade e dos protestos que continuam crescendo na sociedade".

Os resultados eleitorais quase completos mostram que Putin, de 59 anos, obteve 63,68 por cento dos votos. Zyuganov ficou em segundo, com 17 por cento.

Em seguida vieram o bilionário liberal Mikhail Prokhorov, com quase 8 por cento, o nacionalista Vladimir Zhirinovsky, com pouco mais de 6, e o ex-presidente do Parlamento Sergei Mironov, com menos de 4 por cento.

Vladimir Churov, presidente da Comissão Eleitoral Central, disse a jornalistas que "praticamente não houve violações sérias", minimizando assim denúncias de irregularidades feitas em todo o país por membros da oposição e por monitores independentes.

A entidade independente Golos disse ter registrado pelo menos 3.100 violações no país todo.

(Reportagem adicional de Jennifer Rankin e Katya Golubkova)

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