Autoridades alemãs querem rever leis de armamento após ataque em Munique
Autoridades alemãs pediram neste domingo (24) uma revisão das restritas leis de armamento do país, após o tiroteio letal de sexta-feira (22) em Munique que causou a morte de nove pessoas e do atirador, um jovem 18 anos de idade com problemas mentais, que estava obcecado com assassinatos em massa.
"O controle de armas é uma questão importante. Temos de continuar fazendo todo o possível para limitar e controlar rigorosamente o acesso a armas letais", disse o vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel, líder do partido de centro-esquerda Democratas Sociais, ao Funke Mediengruppe, grupo dono de uma série de jornais alemães.
Segundo Gabriel, as autoridades alemãs estavam investigando como o alemão de dupla cidadania (também era iraniano) havia obtido acesso ilegal à arma - identificada pela polícia como uma pistola Glock 17 de 9 milímetros, a mais utilizada no mundo - apesar dos aparentes sinais de significativos problemas psicológicos.
"É evidente que teremos de discutir num futuro próximo sobre se as leis atuais de controle de armas são suficientes", disse o parlamentar alemão Stephan Mayer, um porta-voz dos conservadores da chanceler Angela Merkel, dominantes no Parlamento.
"A maior prioridade é combater o comércio ilegal de armas, uma vez que também poderia reduzir a criminalidade e o terrorismo", disse ele em um comunicado neste domingo.
O atirador, nomeado pela imprensa alemã como Ali David Sonboly, abriu fogo perto de um movimentado shopping center na sexta-feira à noite, matando nove pessoas e ferindo mais 35, antes de virar a arma contra si mesmo quando a polícia se aproximou.
Atirador de Munique era alemão de origem iraniana
O tiroteio de Munique foi o terceiro ato de violência contra civis na Europa Ocidental --e o segundo no sul da Alemanha-- em oito dias. Autoridades disseram que não há sinal de qualquer relação deste caso a grupos extremistas islâmicos.
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere, disse em entrevista ao Bild am Sonntag que pretendia rever as leis alemãs de armamento após o ataque e buscar melhorias quando necessário.
De acordo com ele, as leis alemãs de armamento já são rigorosas e adequadas e foram fundamentais para entender como o atirador obteve acesso à pistola usada. "Então, temos que avaliar com muito cuidado se e onde são necessárias novas alterações legais", disse ele em uma entrevista publicada neste domingo.
Mayer e Maiziere também citaram o atual debate na União Europeia sobre um pacote de reformas que visa apertar o controle de armas no bloco e tornar mais fácil rastrear a origem das armas compradas legalmente.
As mudanças propostas, que ainda devem ser aprovadas pelos Estados-Membros da UE, também definiriam regras mais rigorosas para tirar de circulação armas ativas e, depois de desativá-las, torná-las disponíveis para a venda como decoração.
Os Estados-Membros têm critérios diferentes para o que constitui ou não uma arma desativada, uma brecha legal explorada por criminosos para importar armas modificadas superficialmente para aparentar não funcionar.
A Glock 17 usada pelo atirador de Munique, que a polícia disse ter o número de série arquivado, era uma arma "reativada" da Eslováquia, informou neste domingo o jornal Sueddeutsche Zeitung, citando fontes policiais. De acordo com o jornal, Sonboly obteve a arma pela internet.