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Irã está próximo de superar limite de urânio estabelecido por pacto nuclear, dizem diplomatas

Trabalhadores iranianos na usina nuclear de Bushehr, a 1.200 km de Teerã - Majid Asgaripour/Mehr News Agency/Reuters/Arquivo
Trabalhadores iranianos na usina nuclear de Bushehr, a 1.200 km de Teerã Imagem: Majid Asgaripour/Mehr News Agency/Reuters/Arquivo

Por Francois Murphy

Em Viena

27/06/2019 10h42

O Irã ainda está abaixo do limite de quantidade de urânio enriquecido que é permitido ter sob o acordo com grandes potências, mas está a caminho de superar esse teto no final de semana, segundo mostram os últimos dados de inspetores nucleares da ONU, disseram diplomatas.

Dessa forma, é improvável que o Irã cumpra a ameaça de violar uma das restrições centrais do acordo nuclear nesta quinta-feira, o que poderia resultar no fim do pacto, e também significa que vai ocorrer uma reunião com outros signatários do acordo na sexta-feira visando salvar o acordo, que está sob pressão dos Estados Unidos.

"Eles não alcançaram o limite... é mais provável que seja no final de semana, se eles alcançarem", disse um diplomata sob condição de anonimato.

O acordo de 2015, que retirou sanções internacionais contra o Irã em troca de restrições para suas atividades nucleares, tem como objetivo ampliar o tempo que o Irã precisaria para produzir uma bomba nuclear, caso escolha fazê-lo, de dois a três meses para um ano.

Na quarta-feira, o órgão de vigilância nuclear da ONU verificou que o Irã tinha cerca de 200kg de urânio enriquecido, abaixo do limite de 202,8kg sob o acordo, disseram três diplomatas que acompanham o trabalho da agência.

Dois dos diplomatas disseram que o Irã estava produzindo em uma taxa de cerca de 1kg por dia, o que significa que poderia passar o limite logo após a reunião de autoridades sênior do Irã, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China em Viena, que acontece na sexta-feira.

Os Estados Unidos se retiraram do acordo nuclear no ano passado e impuseram sanções econômicas contra Teerã.

O Irã ameaçou responder deixando de lado algumas das restrições do acordo, o que poderia levar ao colapso do mesmo, ainda que tenha pedido a potências europeias para que fizessem mais para protegê-lo das sanções norte-americanas -- uma atitude que a Casa Branca chamou de "chantagem nuclear".

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que monitora as restrições do acordo nuclear, geralmente não comenta detalhes de suas inspeções. O órgão não estava imediatamente disponível para comentar nesta quinta-feira.

"Nós deixamos claro para os iranianos que temos zero tolerância sobre a questão nuclear", disse uma autoridade sênior europeia. "Eles estão perto limite, mas vamos esperar que a AIEA nos reporte de volta nos próximos dias".

(Reportagem adicional de John Irish em Paris)