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Revelação de Bolton coloca republicanos sob pressão em julgamento de impeachment de Trump

O ex-assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton (esq.), ao lado de Donald Trump e Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano - REUTERS/Caitlin Ochs
O ex-assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton (esq.), ao lado de Donald Trump e Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano Imagem: REUTERS/Caitlin Ochs

Richard Cowan e Karen Freifeld

27/01/2020 15h42

WASHINGTON (Reuters) — Os colegas republicanos do presidente Donald Trump no Senado dos Estados Unidos sofreram nova pressão, nesta segunda-feira, para permitir testemunhas e novos documentos no julgamento de impeachment de Trump, após uma reportagem revelar que o ex-assessor John Bolton escreveu um livro manuscrito que contradiz as versões do presidente no caso da Ucrânia.

O senador republicano Mitt Romney, um crítico de Trump, disse que há uma probabilidade crescente de que pelo menos quatro senadores republicanos votem para convocar Bolton a depor no julgamento, o que daria aos democratas os votos necessários para a convocação do ex-assessor de segurança nacional da Casa Branca.

Até agora, os republicanos do Senado se recusaram a permitir testemunhas ou novas evidências no julgamento que vai determinar se Trump será afastado do cargo. A equipe jurídica do presidente retomou a defesa de Trump no Senado nesta tarde.

O New York Times citou o manuscrito de um livro não publicado de Bolton, segundo o qual Trump disse a ele que queria congelar o auxílio de segurança dos EUA à Ucrânia até Kiev ajudar com investigações contra democratas, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden.

Se confirmado, o relato acrescentaria peso às acusações dos democratas de que Trump usou os 391 milhões de dólares — aprovados pelo Congresso dos EUA para ajudar a Ucrânia a combater separatistas apoiados pela Rússia — como forma de pressão para conseguir que um país estrangeiro o ajudasse a investigar um rival político.

Biden é um dos principais candidatos à nomeação democrata para enfrentar Trump nas eleições presidenciais de 3 de novembro.

Nesta segunda-feira, Trump negou ter dito a Bolton que buscava usar a ajuda para pressionar o presidente ucraniano, Volodomyr Zelenskiy, a investigar os Bidens em alegações de corrupção sem provas. Hunter Biden trabalhou para uma empresa de energia ucraniana enquanto seu pai era vice-presidente dos EUA.

Bolton deixou o cargo em setembro. Trump disse que o demitiu. Bolton afirmou que pediu demissão.

"Acredito que é cada vez mais provável que outros republicanos se juntem àqueles que pensam que devemos ouvir John Bolton", disse Romney a repórteres. Romney, candidato presidencial republicano de 2012, acrescentou que "a relevância de Bolton ... se torna cada vez mais clara".

Outra senadora republicana moderada, Susan Collins, afirmou que a reportagem sobre o livro de Bolton "fortalece a questão de testemunhas e provoca várias conversas entre meus colegas".

A Câmara dos Deputados, liderada pelos democratas, aprovou impeachment de Trump no mês passado por acusações de abuso de poder em suas negociações com a Ucrânia e obstrução do Congresso, iniciando o julgamento no Senado, comandado pelos republicanos.

A previsão é de que Trump seja absolvido no Senado, com 100 cadeiras, onde os republicanos ocupam 53 cadeiras e são necessários dois terços para condenar e remover um presidente do cargo. Nenhum senador republicano manifestou apoio ao impeachment.

(Reportagem adicional de Pete Schroeder, Arshad Mohammed, Tim Ahmann, Makini Brice, Steve Holland, Jeff Mason e Lisa Lambert)