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Congresso trabalhará por vacinas mesmo que não seja possível atuar com governo, diz Maia

29.nov.2020 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia - Por Lisandra Paraguassu
29.nov.2020 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia Imagem: Por Lisandra Paraguassu

Por Lisandra Paraguassu

07/12/2020 11h16

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados e o Senado irão trabalhar em um texto para garantir a compra e distribuição de vacinas contra a Covid-19 para toda a população, mesmo que não seja possível trabalhar com o governo federal, disse nesta segunda-feira o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Maia disse que conversou no domingo com o deputado Professor Luizinho (PT-SP), que coordena o grupo da Câmara responsável por propostas para combate à pandemia, e com o deputado Geninho Zuliani, relator da Medida Provisória sobre acesso a vacinas, e pediu que ambos se reunam essa semana com o Ministério da Saúde para trabalharem em um texto conjunto sobre a distribuição de vacinas no país.

"Precisamos ir ao governo essa semana encontrar um caminho para que a Câmara não tome uma decisão, junto com o Senado, isolada da decisão do governo. Mas nós vamos tomar uma decisão, o STF vai no dia 16 tomar uma decisão, e eu disse ao presidente (Jair Bolsonaro) que seria importante que pudéssemos tomar uma decisão em conjunto", disse Maia em entrevista à GloboNews.

"A sociedade não quer saber qual é a vacina, quer saber que uma vacina confiável, aprovada pela Anvisa, precisa ser sim comprada pelo governo e distribuída à sociedade."

O presidente da Câmara disse ainda que o risco de haver falta de vacinas no país ou o atraso na distribuição é hoje o tema mais perigoso para o governo federal, e o presidente "não está vendo".

"Esse tema talvez seja o mais perigoso para o presidente e ele não está vendo. Pode ser o tema que desorganize muito a base do governo, mais até que a votação de reformas", disse Maia.

Bolsonaro tem criticado a vacina Coronavac, da empresa chinesa Sinovac e que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e fez com que o Ministério da Saúde cancelasse um acordo para compra nacional de doses do medicamento que seria distribuída dentro do Programa Nacional de Imunizações.

O Butantan é ligado ao governo estadual de São Paulo, comandado pelo governador João Doria (PSDB), desafeto político de Bolsonaro.

O plano estratégico federal de vacinação contra a Covid-19, apresentado na semana passada pelo Ministério da Saúde, trabalha basicamente com o imunizante da AstraZeneca/Oxford, que será produzido no Brasil pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), fala em começar a vacinação apenas em março e ter um terço da população vacinada até o final do ano.

"O governo vai perder o controle desse assunto na sociedade. As pessoas começam a entrar em desespero, a gente está fazendo pesquisa, está monitorando. Daqui a pouco quem tiver condição vai para o Chile, que comprou da Pfizer, vai para Londres, vai para Portugal, vai para onde tiver que ir. E os brasileiros que não tem condições vão ficar aqui desesperados sem uma vacina", disse Maia.

O governo federal teria conversado com outras empresas que tem vacinas adiantadas, como a Pfizer e a Moderna, mas o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificou a oferta apresentada por elas de "pífia", mesmo sem dar detalhes.