Tendência é voto impresso ser rejeitado na comissão por interferência de Barroso, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro admitiu que a tendência é que a proposta de adoção do voto impresso para as urnas eletrônicas seja rejeitada na comissão especial que trata do assunto, e voltou a acusar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de interferir na eventual derrubada da matéria.
"O ministro Barroso foi para dentro do Congresso brasileiro, se encontrou com vários líderes e no dia seguinte, vários desses líderes começaram a trocar os integrantes da comissão por aqueles que votariam contra o voto impresso", disse.
"Eu não quero adiantar, eu tenho que no plenário temos mais do que suficiente, mas como está se encaminhando essa votação na comissão a tendência é ser rejeitada na comissão por interferência do ministro Barroso", emendou.
A fala de Bolsonaro foi veiculada em entrevista ao canal no Youtube da TV Piauí.
Há a expectativa de a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso ser votada na comissão especial na quinta.
Em tese, mesmo se ela for rejeitada no colegiado, regimentalmente é possível que a proposta seja posteriormente votada pelo plenário da Câmara, onde serão necessário, por se tratar de mudança constitucional, 308 votos favoráveis em dois turnos de votação para que ela seja aprovada e encaminhada ao Senado.
Segundo Bolsonaro, se ele tivesse interferido nos trabalhos do Legislativo, poderia responder por crime de responsabilidade e ter o mandato cassado. Entretanto, o presidente disse que isso não pode ocorrer no caso do Barroso.
Bolsonaro voltou a atacar o presidente do TSE, questionando o motivo da oposição dele ao voto impresso nas urnas eletrônicas. Segundo ele, é algo que tem "mexido com a alma dele" e se tornado pessoal para ele.
Procurada, a assessoria do presidente do TSE informou que Barroso não vai comentar.
O presidente repetiu sua defesa do voto impresso, citando novamente - mas sem mostrar provas - indícios já desmentidos de fraude no atual sistema de votação.
Na véspera, a cúpula do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolveu reagir formalmente às quase que diárias suspeitas lançadas por Bolsonaro sobre fraude nas urnas eletrônicas e sobre a lisura da eleição do ano que vem.
Na primeira decisão, os ministros determinaram, por unanimidade, que a Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral abra um inquérito administrativo para apurar se houve abuso de poder político e econômico, além de outras irregularidades, nas falas que Bolsonaro tem feito insinuando haver fraude no atual sistema de votação e nas ameaças que têm feito à eleição geral do próximo ano.
A segunda iniciativa, aprovada pelos ministros do TSE também de forma unânime, a corte decidiu enviar ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), uma cópia da live do presidente que deu na quinta-feira passada na qual novamente lançou suspeitas —também sem apresentar provas— sobre as urnas eletrônicas.
Em baixa nas pesquisas de intenção de voto e com a popularidade chamuscada por críticas ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, Bolsonaro tem elevado a pressão sobre a adoção do voto impresso das urnas e já chegou a afirmar que poderia não aceitar o resultado das eleições no próximo ano pelo atual sistema.
Apesar das falas do presidente, o atual sistema de votação é auditável e foi por meio dele em que ele próprio se elegeu deputado federal várias vezes e presidente em 2018.
Na entrevista, Bolsonaro admitiu que há a possibilidade de ele se filiar ao PP, mas ressalvou que não basta ele querer ir para o partido e que a legenda está no momento avaliando possíveis fusões com outras agremiações partidárias.
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