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Empresário admite financiar grupos que imprimiram material de campanha de Bolsonaro em 2018

30.set.2021 - Empresário Otávio Oscar Fakhoury, apontado como financiador de disseminação de notícias falsas, é ouvido pela CPI da Covid, no Senado. - Leopoldo Silva/Agência Senado
30.set.2021 - Empresário Otávio Oscar Fakhoury, apontado como financiador de disseminação de notícias falsas, é ouvido pela CPI da Covid, no Senado. Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

Ricardo Brito

Da Reuters

30/09/2021 14h04Atualizada em 30/09/2021 14h07

O empresário bolsonarista Otávio Fakhoury admitiu hoje, em depoimento à CPI da Covid do Senado, ter custeado financiamento grupos que imprimiram material de campanha na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018.

"Declarei todas as minhas ajudas de campanha", disse.

"Esses valores (para o grupo de apoiadores de Bolsonaro) não foram para nenhuma campanha política e por isso não estão declarados", reconheceu ele.

Em 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional as doações de empresas para campanhas eleitorais. O entendimento legal permite doações de pessoas físicas para campanhas, mas todas elas têm de ser registradas à Justiça Eleitoral.

Fakhoury é investigado pela CPI por suspeita de financiar um esquema de disseminação de notícias falsas e ele próprio propagar fake news.

Em seu depoimento, o empresário disse que é seu direito de não usar máscaras, de se posicionar contra as vacinas, advogar em favor do tratamento precoce com medicamentos sem eficácia e também questionar medidas de isolamento como o lockdown.

Essas medidas, defendidas por ele em redes sociais, contrariam o consenso científico para o enfrentamento da pandemia.

Investigação por homofobia

A CPI decidiu acionar o Ministério Público Federal para investigar o empresário pelo crime de homofobia. Durante o depoimento, Fakhoury foi confrontado com uma postagem de cunho homofóbico contra o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) em uma rede social.

Contarato, que chegou a assumir temporariamente a presidência da CPI, contestou o empresário diretamente e disse que ele deveria pedir desculpas a toda a população LGBTQIA+.

"A orientação sexual não define o caráter, a cor da pele não define o caráter. A minha família não é pior do que a sua. A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho", afirmou o senador.

Fakhoury tentou esclarecer a situação.

"Foi um comentário infeliz, em tom de brincadeira. Respeito a sua família como respeito a minha. Tenho amigos de todos os lados, de todas as orientações. Não tive a intenção de ofender. E se ofendi, e ofendi profundamente, peço desculpas. Não sou uma pessoa que discrimina nem raça, nem cor, nem orientação sexual. Não vejo problema nenhum em retratar, não insisto no erro. Umas das condições da pessoa cristã é reconhecer o erro e pedir perdão. E me retrato aqui diante de todos", disse, complementando que se retratava a todos que se sentiram ofendidos.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.