Conteúdo publicado há 8 meses

Fumaça de incêndios na Amazônia sufoca Manaus pelo 2º dia seguido

Nuvens de densa fumaça cinza de dezenas de incêndios florestais na Amazônia brasileira, muitos deles iniciados ilegalmente, pairaram sobre a capital da região, Manaus, tornando o ar cada vez mais irrespirável pelo segundo dia seguido.

Os moradores reclamam de ardência no nariz e na garganta. A qualidade do ar está tão ruim que até os normalmente animados pássaros tropicais estão em silêncio, dizem.

"Meu nariz arde o tempo todo e meus olhos também, mesmo quando estão fechados. Não conseguimos respirar direito", disse o estudante universitário Ronny Gonsalves. "Não consigo ver o horizonte."

Especialistas afirmam que a poluição atmosférica é proveniente de incêndios ao redor da cidade e dentro de sua área metropolitana, muitas vezes deliberadamente provocados para derrubar árvores para agricultura e desenvolvimento urbano sem autorização.

As condições muito secas causadas por uma seca severa que a região está sofrendo, com temperaturas altas recordes, ajudaram a inflamar e espalhar os incêndios, de acordo com Carlos Durigan, diretor nacional da Wildlife Conservation Society no Brasil.

Manaus é uma das piores cidades do mundo para se respirar, segundo o World Air Quality Index
Manaus é uma das piores cidades do mundo para se respirar, segundo o World Air Quality Index Imagem: Sandro Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

"Nunca esteve tão ruim assim em décadas passadas", disse o geógrafo, que viveu por 30 anos na Amazônia.

A região está sob pressão do fenômeno climático El Niño e as chuvas no norte da Amazônia estão bem abaixo da média histórica. Os córregos e afluentes que correm para a Amazônia caíram para níveis quase recordes.

O governo brasileiro enviou equipes de bombeiros para conter os incêndios florestais. Mas os moradores temem que o ar cheio de fumaça persista até que chova, o que não é esperado até o final de novembro.

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Incêndios florestais na Amazônia têm sido mais comuns nos últimos anos, principalmente no sudoeste de Manaus e nos estados de Rondônia e Acre.

Durigan disse que muitas estradas construídas ao redor de Manaus levaram a um desmatamento mais rápido dentro e fora da área metropolitana. Os grileiros costumam atear fogo para desmatar ilegalmente, disse ele.

"Hoje foi o pior dia. Não podemos mais ver o rio do meu apartamento", disse Maria Lucia de Freitas, que disse que a poluição atmosférica apareceu pela primeira vez em Manaus há um mês.

(Reportagem de Bruno Kelly, redação de Anthony Boadle)

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